19 de Março de 2024
O presidente Lula usou a primeira reunião do ano com seus ministros para enviar um recado direto: é hora de colher e não de criar novos programas. “O presidente pediu que cada ministro procure revisitar tudo o que lançou. Ele não quer ver anunciando novos programas, novas ações, mas concretizar o que foi lançado. Já tem um portfólio robusto. Os resultados do governo e da economia têm que ser agregados em indicadores que sejam compreendidos pela população”, explicou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, após o encontro, que durou pouco mais de quatro horas. Sob pressão pela queda de popularidade registrada em diferentes pesquisas, Lula cobrou que os ministros viajem mais e divulguem os feitos do governo. O ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, minimizou eventuais problemas na área e afirmou que o governo vai investir na segmentação via redes sociais. Lula também pediu que as eleições municipais fiquem em ... (Leia mais)
18 de Março de 2024
Com a queda na avaliação do governo, captada em diferentes pesquisas neste mês, o presidente Lula pretende usar a reunião ministerial de hoje para cobrar mais empenho na comunicação das ações do Executivo. Ele tem demonstrado cada vez mais impaciência quanto à apresentação de entregas e vai cobrar o resultado de programas já anunciados. Lula quer que os ministros rodem o país, deem entrevistas e ocupem os meios de comunicação divulgando ações positivas para contrabalançar repercussões negativas, que acabam afetando sua popularidade. As redes sociais dos ministros devem ser usadas não apenas para tratar de assuntos de suas áreas, mas de pautas do governo como um todo. E a primeira-dama Janja está decidida a assumir o controle da comunicação digital de Lula, conta Lauro Jardim. Ela quer transferir a administração das contas pessoais do presidente para Brunna Rosa, que integrou a campanha de 2022, e, desde a posse, chefia a ... (Leia mais)
16 de Março de 2024 | PREMIUM
No aniversário de 132 anos do Porto de Santos, ao discursar ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, bolsonarista cada vez mais convicto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedicou especialmente a mostrar que faz política de um jeito bem diferente de seu antecessor. Queria reforçar a Tarcísio e a quem de direito que, acima de qualquer coisa, está sua convicção de que o Estado brasileiro deve estar sempre pronto a investir em qualquer ente da federação. E que, quanto mais investimento, melhor. Lula e Tarcísio participavam do lançamento da obra do túnel Santos-Guarujá. O presidente aproveitou para anunciar que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, acabara de aprovar R$ 1,350 bilhão para a construção do eixo Norte do Rodoanel. “Logo, logo, você vai receber a notícia do Aloizio Mercadante.” Ainda se gabou de ser “um presidente de sorte” e de ... (Leia mais)
15 de Março de 2024
Prezadas leitoras, caros leitores — O presidente Lula sempre foi muito claro na sua visão: é o Estado, com investimentos pesados, que move a economia e impulsiona o crescimento do país. Mas o que acontece quando um desses agentes não é exclusivamente do Estado? É o caso da Petrobras. O governo brasileiro é seu maior acionista, mas não o único. E ela tem regras de governança que vão além do projeto de um presidente. Quando Lula e dois de seus ministros escolhem interferir em questões tão práticas quanto a distribuição de dividendos da Petrobras, é a política que passa a ditar o rumo da empresa. E isso implica riscos, custos e desgastes. A Edição de Sábado vai explicar o imbróglio por esse ângulo, o político, e delinear os interesses de cada um dos atores na disputa. Se você quer conhecer melhor a cultura dos mangás e os gigantes que revolucionaram ... (Leia mais)
14 de Março de 2024
Depois de o Supremo Tribunal Federal retomar a discussão sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o porte e a posse de todos os entorpecentes, incluindo maconha, em qualquer quantidade. A votação foi simbólica, quando não há registro nominal de votos, exceto do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e dos senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Humberto Costa (PT-CE) e Marcelo Castro (MDB-PI), que mostraram contrariedade. A PEC, proposta em setembro pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), segue para o plenário, mas sem data de votação. No debate, o relator Efraim Filho (União Brasil-PB) acatou uma emenda de redação do líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), para aprimorar a diferença entre usuário e traficante. O texto adicionado diz que a distinção será feita “por todas as ... (Leia mais)
13 de Março de 2024 | PREMIUM
Lulistas, petistas e assemelhados, graúdos e miúdos, com maior ou menor nível de angústia, aparentemente descobriram que a comunicação do governo está ruim. Ou já haviam constatado o fato, mas, agora que apareceu uma pesquisa dizendo que a avaliação do governo Lula declinou, reconheceram a urgência de dizer que a comunicação política do governo tem parte importante nisso. Se a piora não se deu nos fatos, mas na percepção pública, e quem move a opinião dos cidadãos é a comunicação, no final da cadeia de conclusões é ela quem leva a culpa pelo desastre. E como quem toca a comunicação do governo federal são, afinal, a Secom e o ministro Paulo Pimenta, quem mais precisa ser responsabilizado por isso? Houve, claro, lulistas influentes a dizer que não era bem assim e a oferecer interpretações alternativas dos fatos. O ator José de Abreu, por exemplo, partilha da ideia de que Lula ... (Leia mais)
13 de Março de 2024
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou ontem que, além da Petrobras, o governo fará mudanças nos conselhos de administração de outras estatais para “oxigenar” esses órgãos. “Não é exclusivo da Petrobras, nós haveremos de fazer esse rodízio em outros conselhos também”, afirmou um dia depois de o presidente Lula decidir que o Ministério da Fazenda ocupará uma das seis cadeiras que o governo tem no conselho da Petrobras. (g1) Atual secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux será o representante da pasta no conselho da Petrobras, disseram fontes do governo a Míriam Leitão. (Globo) Já a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem um requerimento do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) convidando o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para falar da não distribuição de dividendos extraordinários. Como se trata de um convite, o executivo não é obrigado a comparecer. (Poder360) Fabiano Lana: “O presidente ... (Leia mais)
12 de Março de 2024
Nada de mudança no comando da Petrobras. Pelo menos por enquanto. Após reunião na noite de ontem com Lula, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, afirmou que continuará no cargo. A reunião, que contou com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Fazenda, Fernando Haddad, entre outros nomes do governo e da Petrobras, durou mais de três horas, discutindo a decisão da estatal de não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas, que foi duramente criticada. Apenas na sexta-feira, a petroleira perdeu mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado. Prates não quis comentar. “Quanto mais eu falo, mais inventam moda. Então agora quem fala é o Silveira”, disse. Ele defende a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos dividendos extraordinários. Já Silveira quer reter todo esse dinheiro, R$ 43,9 bilhões, em um fundo de reserva. Como o governo tem maioria no Conselho de Administração, Lula teria ... (Leia mais)
11 de Março de 2024
Embora a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid tenha sido o ponto de partida para a investigações sobre um plano para manter ilegalmente no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro, o militar tem dito a interlocutores que nunca acusou o antigo chefe de tramar um golpe. Cid, que volta a depor à Polícia Federal hoje, estaria irritado com o vazamento de trechos de seu depoimento anterior. “Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, teria dito ele a uma pessoa próxima. O problema é que o depoimento de Cid não é o único elemento de que a PF dispõe. Mensagens dele obtidas pelos agentes dizem que Bolsonaro era instado a uma medida “mais pesada” e, “obviamente, utilizando as forças [Armadas]”. Além disso, como mostra ... (Leia mais)
9 de Março de 2024 | PREMIUM
As frases pausadas do ministro André Mendonça pareciam ter a intenção de alertar que algo muito grave estava prestes a acontecer. No julgamento sobre a quantidade de maconha que uma pessoa pode portar sem configurar crime, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se esmerou em passar uma receita baseada no fundamento de que um grama de maconha dá para fazer “3.4 cigarros”. E seguiu na progressão geométrica: “10 gramas, 34”, disse Mendonça, até concluir que, em um mês, seria possível obter 6.200 cigarros com uma só planta de Cannabis sativa. Mendonça fez questão de citar a suposta produção mensal olhando bem nos olhos de seus pares. Depois de um longo silêncio dramático, proferiu: “Por tudo isso, eu entendo, em síntese, que a questão da descriminalização (...) é uma tarefa do Legislativo”. O finíssimo calibre do “baseado” citado pelo ministro causou reações — e, claro, gerou memes. Mendonça foi além, ... (Leia mais)
8 de Março de 2024
Prezadas leitoras, caros leitores — Emperrou novamente. Com o pedido de vista do ministro Dias Toffoli, e depois de discursos bastante datados de colegas de Supremo, o julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para consumo próprio foi, mais uma vez, interrompido. O Brasil insiste em se comprometer com o atraso no tema. Nem mesmo o uso medicinal está completamente legalizado. Acontece que, além das questões sociais, criminais e de saúde, ao se ater a valores morais para vetar o avanço de um mercado que, por sua natureza, vai ser inevitável, o país perde uma excelente oportunidade de negócio. Especialmente o agro mais inovador e tecnológico, que teria condição de oferecer os derivados da cannabis já industrializados interna e externamente. Esse é o aspecto que vamos explorar na Edição de Sábado. Por falar em ângulos nem sempre abordados, vamos tratar também do impacto ambiental da pegada de carbono e ... (Leia mais)
7 de Março de 2024
Dono da maior bancada na Câmara, o PL não abriu mão da prioridade na escolha dos presidentes das principais comissões e, numa derrota para o governo, impôs deputados bolsonaristas radicais nos cargos. A Comissão de Constituição de Justiça e de Cidadania (CCJ), considerada a mais importante, será presidida por Caroline de Toni (PL-SC). O Planalto tentou evitar que Caroline assumisse a CCJ, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e outras lideranças do Centrão chegaram a avaliar que ela era polêmica demais, mas o PL manteve a indicação. No fim, ela recebeu 49 votos a favor, incluindo de petistas, contra nove em branco. Segunda mulher a presidir a CCJ, ela afirmou que atuará com responsabilidade, transparência e equilíbrio, “ouvindo todas as bancadas, como tem que ser”. (Estadão) Em outra derrota para o governo, o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) foi eleito presidente da Comissão de Educação, por 22 votos favoráveis ... (Leia mais)
6 de Março de 2024 | PREMIUM
Mais um aniversário do golpe de 1964 se aproxima e, com ele, as polêmicas relativas à significação histórica daquele acontecimento, dividindo a opinião pública. Instado a se manifestar, o presidente Lula afirmou que não gostava de remoer o passado e que era preciso governar olhando para o futuro. Embora previsível para quem conhece sua personalidade pragmática e conciliadora, parte significativa da esquerda recriminou a declaração por não aproveitar uma oportunidade histórica de condenar o militarismo renitente depois da tentativa de golpe de Estado de Bolsonaro. Disseram até que “quem não remói o passado acaba remoído por ele”. O assunto é de grande complexidade e sobre ele é preciso fazer algumas considerações. Há dois tipos de história. Uma é a história científica, acadêmica, aparentemente descomprometida com as lutas do presente, destinada a reconstituir o passado pela recolha de seus vestígios ou monumentos. Este é um tipo de história relativamente recente, que ... (Leia mais)
6 de Março de 2024
Já é praticamente certo que a eleição presidencial americana de outubro vai repetir a disputa de 2020 — com a diferença de qual dos candidatos ocupa a Casa Branca. O presidente democrata Joe Biden e seu antecessor, o republicano Donald Trump, venceram com facilidade ontem a chamada Superterça, quando seus partidos realizaram eleições primárias em 15 estados. Biden não tem concorrentes, e Trump, segundo estimativas, já conquistou 92% dos delegados necessários para ser confirmado na convenção de seu partido. Mas os resultados não vieram sem sinais de alerta. Virtualmente fora do páreo na disputa republicana, a ex-governadora Nikki Haley conseguiu em Vermont sua segunda vitória — a primeira foi na capital, Washington – e obteve em quase todos os estados uma margem de 30% dos votos. São eleitores republicanos que rejeitam Trump, um contingente que pode ser decisivo numa eleição tão polarizada. O ponto final para a candidatura de Haley ... (Leia mais)
5 de Março de 2024
Em longos e detalhados depoimentos à Polícia Federal, os ex-comandantes do Exército Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior implicaram Jair Bolsonaro (PL) de forma direta na tentativa de golpe, conta Bela Megale. Os dois ajudaram a preencher “lacunas importantes do caso”, disseram fontes. Os militares confirmaram que participaram da reunião em que a minuta golpista foi discutida. Freire Gomes, que depôs na sexta-feira, adotou uma postura colaborativa e segue como testemunha. O brigadeiro Baptista Júnior, que depôs há poucas semanas, ofereceu informações importantes e também é testemunha. Já o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, apontado como o único que teria aceitado aderir ao golpe, ficou em silêncio na PF e integra a lista de investigados. A reunião sobre a minuta do golpe foi revelada em delação premiada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. (Globo) Marcelo Godoy: “O depoimento de Freire Gomes é visto como o ... (Leia mais)
4 de Março de 2024
Israel desistiu de mandar uma delegação ao Cairo para negociações sobre um acordo de um cessar-fogo e a libertação de reféns de Gaza. Fontes informaram que a decisão aconteceu porque o Hamas não respondeu a duas exigências: uma lista de reféns, especificando quais estão vivos e quais estão mortos; e confirmação da proporção de prisioneiros palestinos que serão libertados das prisões israelenses em troca de reféns. A decisão de não enviar uma delegação foi tomada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e pelo diretor da Mossad, David Barnea. Uma delegação do Hamas chegou ao Cairo pela manhã. A decisão israelense aconteceu apenas um dia depois de um alto funcionário da Casa Branca ter dito a jornalistas que Israel tinha “basicamente aceitado” uma proposta de cessar-fogo de seis semanas. Ainda assim, autoridades egípcias e americanas informaram que há a expectativa de se fechar um acordo antes do início do Ramadã, o mês sagrado ... (Leia mais)
2 de Março de 2024 | PREMIUM
No café anexo ao plenário da Câmara dos Deputados, um dos parlamentares mais próximos de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, cochicha para um colega do Centrão: “Produção legislativa totalmente irresponsável!”. E ouve de volta: “Totalmente!”. Indignados, os dois deputados combinam de conversar mais tarde e o aliado do alagoano sai apressado. É claro que unanimidade não existe em lugar algum. Mas a condenação partia de um dos nomes mais identificados com Lira, de um deputado conhecido como amigo, homem de confiança, que já se prestou a exercer funções legislativas sob a sombra do poderoso presidente da Câmara. Após risadas nervosas de ambas as partes, o interlocutor percebeu o flagrante e pediu sigilo. “Você viu? Não coloca isso não, mas se ele está reclamando, imagina o resto dos deputados.” A cena dá pistas de uma insatisfação crescente. Um contraste forte com o movimento de um ano atrás, quando Lira recebeu ... (Leia mais)
1 de Março de 2024
Prezadas leitoras, caros leitores —, Há raríssimas figuras em Brasília que sejam insubstituíveis ou cujo poder seja perene. O Centrão, enquanto força política, é imbatível. Mas ninguém ousa se intitular seu dono por muito tempo. O atual representante-mor desse bloco é Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Conforme a eleição para seu sucessor esquenta (ainda que vá ocorrer apenas daqui a um ano), os demais atores se movimentam para ocupar o vácuo de seu poder. Engana-se quem imagina que essa fritura esteja vindo só do Planalto e de governistas. Ela está acontecendo também dentro do próprio Centrão. É essa história que nossa repórter Luciana Lima vai contar na Edição de Sábado. No mês passado, o bicampeão mundial de surfe Filipe Toledo anunciou uma pausa para cuidar da saúde mental. A seis meses das Olimpíadas, vamos abordar também a importância do acompanhamento psicológico na vida dos atletas desde a base. ... (Leia mais)
29 de Fevereiro de 2024
As lideranças da Câmara se reuniram, ontem, com o presidente Arthur Lira (PP-AL) para articular mudanças que protejam parlamentares de operações de busca e apreensão na Casa, limitando os poderes do STF. Como conta Malu Gaspar, uma das propostas inclui acesso a dados sigilosos de processos contra integrantes do Legislativo. Enfrentam, porém, a oposição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que disse ser contra a chamada PEC da Blindagem. “Não é razoável pensarmos a proibição de medidas cautelares contra qualquer tipo de seguimento ou qualquer tipo de autoridade pública. Isso é um meio de investigação dado ao direito de quem investiga poder coletar provas”, afirmou. “Obviamente, tem que ter critério, forma, é preciso ter equilíbrio nesse trato.” A articulação segue operações da Polícia Federal contra os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). Jordy é suspeito de participar de atos antidemocráticos e Ramagem é alvo de investigações ... (Leia mais)
28 de Fevereiro de 2024 | PREMIUM
Segundo o levantamento feito pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, durante o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro, 94% dos presentes consideram que o Brasil vive uma ditadura. A ideia é absurda, evidentemente. Mas para os bolsonaristas que foram à Avenida Paulista no último domingo, é um fato incontestável. Estive com uma dessas pessoas na segunda-feira, no aeroporto de Congonhas. Ela se queixou de alguma posição que havia me visto tomar nas redes. Mulher, classe média, na casa dos 40, talvez 50. Não trocamos muitas palavras. Minha primeira reação foi explicar o que era uma ditadura. Só que ela sabia — sua dificuldade era com outras palavras. “E temos liberdade, por acaso? E as eleições valem de alguma coisa?” Palavras estão no centro de nossos dilemas políticos. Ditadura e democracia. Golpe. Liberdade. Liberalismo. Genocídio. Fascismo. Comunismo. Todas são palavras cujos significados foram e são disputados na conversa ... (Leia mais)