Edição de Sábado: O Colégio e o Voto

Eles queriam uma República, não uma Democracia, aqueles homens que fundaram os Estados Unidos. Quando se reuniram em debates que duravam dias sem fim, sua revolução já terminada, buscavam inventar um sistema, ou talvez recriar um sistema da Antiguidade, que produzisse liberdade da tirania, que trouxesse Justiça, e que de alguma forma desse vida a ideias ainda bem novas sobre as quais escreviam filósofos como John Locke, Montesquieu ou Voltaire, na Europa. Ideias a respeito da igualdade perante as leis. Isso foi há pouco mais de 230 anos. Eram, aqueles homens reunidos no ano de 1787 na Convenção Constitucional, em geral muito cultos, em geral muito inteligentes, e alguns muito sensíveis, mas também homens que traziam consigo os preconceitos do século 18, os buracos de conhecimento do seu tempo, e uma penca de valores que nos chocariam. Tinham de conviver com os limites tecnológicos de um tempo no qual a comunicação à distância ainda se dava por papel, pena e tinta de bugalhos, sacolão de couro e lombo de cavalo. O sistema eleitoral que aqueles homens inventaram naqueles dias, naquelas conversas, com aquelas cabeças, é o que definirá se o próximo presidente americano será Donald Trump ou Joe Biden. E lançará luz sobre a intensidade, no mundo, de um fenômeno que preocupa cientistas políticos por toda parte. A crise da democracia.

Numa democracia, cada pessoa apta a votar faz sua escolha e a decisão da maioria é o que vale. Se feita direito, numa democracia cada um destes votantes terá tido amplo acesso a informação — tanto para desenvolver sua capacidade de compreender o mundo como para saber a respeito das coisas públicas. Para poder decidir com consciência. Uma democracia pressupõe, portanto, o direito à liberdade de imprensa, à liberdade de reunião, à liberdade de expressão, o direito à educação. O que o conjunto de votantes diz, numa democracia, é o que vale.

Mas os fundadores do que seriam os Estados Unidos olhavam para o país que estavam prestes a criar e tinham medo de um sistema assim. Acesso a educação era parco. O território das treze colônias que haviam se tornado estados soberanos, vasto para os padrões da época. Informação demorava muito a chegar. Analfabetismo, comum. E não só. Havia real conflito de interesses. O Norte, que se industrializava e era bastante mais rico e populoso, via com desconfiança a escravidão. O Sul sobrevivia a mão de obra negra, servil. Em um estalar de dados, implantada a democracia, podia ser que a abolição viesse. (E esta tensão, a marcada pela questão racial, não desapareceu até hoje.) Mas no fundo, por razões hoje vistas como legítimas ou como ilegítimas, o que eles buscavam era uma forma de impedir que o sistema se tornasse uma ditadura da maioria. Por isso, uma democracia republicana. Ou uma democracia representativa — uma democracia temperada por uma Constituição, por leis. O povo vota, o povo escolhe, mas as decisões do cotidiano não são tomadas direto pelo voto popular e sim por seus representantes. Os parlamentares. E estes parlamentares, assim como o presidente da República, tem acima de si uma lei maior. A Constituição.

A ideia de uma Democracia Representativa e Constitucional como a que criaram nos é natural. Se desenvolveu e é o modelo que boa parte do mundo livre segue. O outro órgão que criaram para bloquear o medo que tinham da instauração de uma Ditadura da Maioria, porém, é único aos Estados Unidos. É o Colégio Eleitoral. Só foi modificado uma única vez, em 1804. E entrou no século 21 dando problema. Em 2000, Al Gore teve a maioria dos votos dos americanos mas perdeu no Colégio. Em 2016, Hillary Clinton recebeu mais votos do que Trump. Perdeu no Colégio.

Cada estado tem um número de eleitores proporcional a sua população, nacionalmente são 538. Eles se encontrarão, cada conjunto em seus respectivos estados, no dia 14 de dezembro. Com exceção do Maine e de Nebraska, todos os outros 48 estados têm um processo de o vencedor leva tudo.

A Flórida, por exemplo, tem 29 eleitores do total. Em 2000, oficialmente, George W. Bush teve 537 votos populares mais do que Al Gore, na Flórida. Nas urnas. Gente votando. Meio milhar num total de quase seis milhões de cidadãos da Flórida depositando suas cédulas. Cada condado desenha sua cédula e, no de Palm Beach, uma cédula mal desenhada pôs o nome de Gore e o de um candidato nanico e notório antissemita, Pat Buchanan, lado a lado. Palm Beach é um canto onde muitos judeus aposentados vivem. Lá, em 2000, aproximadamente 29 mil cédulas com votos para Buchanan e Gore foram anulados. Eleitores velhinhos, seus grossos óculos de leitura pendurados, confusos, votaram duas vezes. 29 mil votos anulados e Gore perdeu por meio milhar de votos num único estado. No país teve, ao todo, meio milhão de votos mais do que Bush. Mas o que vale é o vencedor leva todos os votos do Colégio Eleitoral de cada estado. Bush levou os 29 eleitores da Flórida e se elegeu presidente dos Estados Unidos.

Se Gore teve meio milhão de votos mais do que Bush em 2000, Hillary teve três milhões de votos mais do que Trump, em 2016. Todas as pesquisas indicam que Joe Biden vencerá por larga vantagem no voto popular. Mas, no Colégio Eleitoral, o resultado pode dar Trump. De novo.

A questão é demográfica. Conforme a diversidade americana aumenta nas cidades, junto com suas populações, o interior rural se torna cada vez mais homogêneo. Assim, o miolo do país, onde vivem menos pessoas, se consolida republicano, enquanto as costas, mais populosas, vão ficando mais democratas. Alguns estados que têm tanto centros urbanos de porte e regiões agrícolas importantes, e que variam de eleição em eleição, terminam por definir o pleito. Mas por conta deste fenômeno a tendência se consolida de que com mais e mais frequência presidentes democratas serão eleitos pelo voto popular e perderão no Colégio Eleitoral. Não é algo que os homens que escreveram a Constituição previram. É um fenômeno do século 21. E vai persistir ocorrendo. Assim como será cada vez mais difícil para os republicanos ter maioria na Câmara, mas persistirão de ciclo em ciclo com chances de ter maioria no Senado. Pela mesma razão. E isto num momento em que, cada vez mais, as diferenças entre os dois partidos são mais agudas.

E aí entra outro ponto — poucos direitos, na Constituição americana, são tão pouco claros como o direito ao voto. O texto constitucional brasileiro é simples e direto. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. Desde 1789, o texto americano já foi emendado inúmeras vezes para ir ampliando. Mas nunca estabeleceu direito ao sufrágio universal de todos os cidadãos. O que vai fazendo é incluindo exceções. A 19a Emenda, por exemplo, estabelece que O direito dos cidadãos ao voto não pode ser negado ou cerceado por qualquer estado com base no sexo. E, assim, o voto feminino foi garantido, em 1919. Ainda em 1965, apenas 23% da população negra tinha direito real ao voto. As pessoas não eram capazes em passar em testes de alfabetização com frequência feitos de forma para não passar, mesmo. Naquele ano, discriminar por alfabetização se tornou ilegal. Mas como a universalização do voto não é claramente estabelecida, ainda há muitas formas de impedir pessoas de votarem. Uma delas é com quem já passou por prisões — mesmo que já tenha cumprido sua pena. Em geral, pessoas que vêm de minorias étnicas.

Este ano a questão vai além. Não só muitos estados dificultam acesso ao voto por minorias como ontem, sexta-feira, a conta já era de que pelo menos 17 milhões de eleitores já haviam votado. Nunca tanta gente votou de forma antecipada, assim, antes. Como alguns estados registram a afiliação partidária de quem se manifesta, destes, sabe-se que 55% são democratas e apenas 24%, republicanos.

Tradicionalmente, os americanos se reúnem à frente da TV na noite da eleição e ficam até tarde esperando o resultado. Mas a contagem só será dos votos de quem depositou suas cédulas nas urnas no dia oficial: a terça-feira, 3 de novembro. Os votos antecipados são contados depois e demoram mais alguns dias. Em condições normais, são marginais. Em 2000, na Flórida, não foram. Se representarem um percentual maior do que a diferença entre os dois candidatos em estados chaves, neste ano, haverá briga de advogados.

E briga feia. Briga que pode parar na Suprema Corte. Uma Suprema Corte que está a caminho de ter uma diferença de seis juízes conservadores contra três progressistas. Num ambiente que promete ter Joe Biden como claro eleito pelo voto popular, pendurado por parcos milhares de votos em um ou dois estados.

Não será apenas uma crise constitucional criada por um problema impossível de imaginar em finais do século 18. Se ocorrer no atual ambiente americano, as ruas serão tomadas em fúria.

Por Pedro Doria

O adeus a Ed Benguiat

Ephram Edward Benguiat nasceu no Brooklyn, Nova York, em 27 de outubro de 1927. É reconhecido pelos inúmeros logotipos que desenhou ou redesenhou para as revistas Playboy, Reader’s Digest, Sports Illustrated e Esquire. De suas mãos, igualmente, saíram os logos de AT&T, Lincoln Center, Diet Coke e do filme Planeta dos Macacos. Também ‘consertou’, como costumava dizer, as marcas de Ford e do New York Times.

Mas Ed Benguiat criou algo ainda maior: um acervo de mais de 600 fontes tipográficas desenhadas. Sabe aquelas letras na abertura da série Stranger Things? É uma fonte dele. Chama-se ITC Benguiat e foi lançada em 1977. Criou as fontes Bookman, Bauhaus, Souvenir, Avant Garde Gothic, Franklin Gothic, Tiffany e American Typewriter, sucessos comerciais tanto em sistemas de fotocomposição como em cartelas de transferência (Letraset) nas décadas de 1970 e 80.

Quando criança, Ed brincava com as canetas e pincéis de seu pai, vitrinista chefe da Bloomingdale’s, uma famosa loja de departamentos novaiorquina. O jeito para as artes foi útil quando falsificou sua certidão de nascimento para lutar na Segunda Guerra Mundial. Aprendeu a pilotar aviões e contava que, numa batalha, um tiro atravessou a fuselagem e atingiu sua perna.

O designer, famoso mundialmente, começou profissionalmente como músico e com outro nome: Eddie Benart. E era um baterista de jazz requisitado. Tocou com Stan Kenton e Woody Herman. Uma pesquisa das revistas Metronome e Downbeat o apontou como o terceiro sideman/baterista dos Estados Unidos. E, no entanto, cansado das turnês, acabou se matriculando num curso onde aprendeu direção de layout, design, tipografia e caligrafia. Ao sair da escola, estabeleceu uma carreira impressionante como designer e diretor de arte em várias editoras e agências de publicidade. “A forma de uma letra é como música. É preciso ter uma melodia, ter equilíbrio”, ele dizia. “A música é essencialmente sons colocados juntos para agradar aos ouvidos. Tipos e formatos de letras são a mesma coisa, mas para os olhos.”

Em 1962, foi contratado como Diretor de Design Tipográfico da Photo-Lettering, Inc., onde se especializou no desenho de alfabetos. Nessa época, além de desenhar fontes ditas importantes, clássicas, também criava fontes em série. Plásticas, psicodélicas, estilosas e cheias de humor. Criava às vezes até uma fonte por semana.

Em 1971, quando Ed Rondthaler (proprietário da Photo-Lettering) se juntou a Herb Lubalin e Aaron Burns para fundar a ITC, International Typeface Corporation, chamou Benguiat para desenhar o primeiro produto da empresa: a fonte Souvenir. Um estrondoso sucesso. Foi nessa época que Woody Allen o reconheceu, tomando café da manhã no mesmo restaurante. Ele procurava a fonte para seu novo filme, A Última Noite de Boris Grushenko. Pediu conselho ao grande tipógrafo e Ed lhe recomendou a fonte Windsor. Allen gostou tanto que ela se tornou uma marca registrada de seus filmes.

O impacto de Benguiat na comunidade tipográfica envolve mais do que apenas design. Ele desempenhou um papel crítico no estabelecimento da ITC, a primeira empresa independente de licenciamento para designers de tipos. Não é exagero dizer que Ed impulsionou a indústria no final da década de 1960 e início da de 70. Foi homenageado pelo Art Directors Club Hall of Fame, numa lista que inclui Saul Bass, Norman Rockwell, Walt Disney e Andy Warhol.

Eu o conheci em 1992, em São Paulo, quando ele era o convidado principal do “Tipo 92”, evento sobre type design. Ao me ver, perguntou irritado: “Foi você quem fez o logo do evento?” Confirmei, apavorado. Ed estendeu a mão e sorriu: “Essa mão desenhou o logo do filme Batman”. Foi o handshake que mudou minha vida. No dia seguinte levei uma pilha de desenhos ao seu hotel. Benguiat descartou quase tudo e me aconselhou a terminar uma única fonte. Um banho de água fria que me encorajou a seguir desenhando alfabetos.

Reencontrei-o, em 2001, na cidade de Rochester. Pude mostrar um fruto do impacto de sua visita: o nº1 da revista Tupigrafia, a primeira revista brasileira sobre tipografia e caligrafia. Novo reencontro, em 2003, na School of Visual Arts, de Nova York. Assisti sua aula — hilariante —, fui apresentado a todos professores e funcionários, jantamos no refeitório e fomos fumar dentro do seu carro estacionado, devido ao frio congelante na rua. O reencontro em São Francisco, em 2004, foi uma festa dupla. Ed estava recebendo o SOTA Typography Award enquanto eu era premiado pela fonte Samba. Fumamos no estacionamento do hotel enquanto ele contava piadas sobre sexo e drogas. Na última vez, em 2005, na porta da Parsons The New School for Design, Ed estranhou as pichações paulistanas que apresentei em palestra e, diante de um grupo de grafiteiros locais, gentilmente sugeriu que eu me concentrasse nos bons exemplos. Ed se foi mas as lindas letras que desenhou continuam conosco, em nossos computadores. Seus ensinamentos, em nossas mentes. E sua generosidade, em nossos corações.

Por Tony de Marco

Ainda sobre Ed Benguiat: Sua frase mais famosa em poster. As fontes que criou. Outras memórias que deixou. E seu obituário no New York Times.

Disney se reorganiza com o streaming em foco

A pandemia acertou em cheio a indústria cinematográfica e os estúdios já começaram a se reorganizar. Com o streaming no papel principal. O maior deles, a Disney, fez a mudança mais ousada e sinaliza como deve ser o “novo normal” do entretenimento.

A empresa já vinha adotando mudanças para se adaptar a esse novo cenário. Em abril, já tínhamos mostrado algumas delas. Mas dessa vez, são mais permanentes. A Disney criou três divisões para conteúdo e uma para monetiza-lo e distribuí-lo. Isso significa que um braço será responsável exclusivamente pela criação de filmes, programas de TV e programação esportiva. Enquanto o outro supervisionará nada além de questões de distribuição. Se faz mais sentido, por exemplo, um filme ser lançado nos cinemas ou nos streaming, como Disney+, Hulu, ESPN+, etc. O resultado será conteúdo mais sob demanda o que pode significar mais foco no streaming e menos lançamentos nos cinemas.

A mudança não é por menos. Com a pandemia, grandes lançamentos da Disney ou têm sido lançados diretamente no Disney+, como o Mulan, ou têm sido adiados para os cinemas, como Viúva Negra. O CEO Bob Chapek disse que a mudança não necessariamente é uma resposta à pandemia. “Eu diria que a Covid acelerou a taxa com que fizemos essa transição, mas essa transição iria acontecer de qualquer maneira”, disse.

Mas a verdade é que enquanto as divisões de filmes e parques temáticos foram fortemente afetados pela pandemia, o streaming foi o grande salvador da empresa. A Disney reportou um prejuízo de US$ 3,5 bilhões no segundo trimestre de 2020 e recentemente demitiu 28 mil funcionários dos parques. O streaming, do outro lado, chegou a 100 milhões de assinantes pagos em agosto, sendo mais da metade do Disney+. A empresa começou a ser pressionada. Na semana passada, o investidor ativista Dan Loeb pediu à Disney que encerrasse seus dividendos e investisse mais no Disney+. E a resposta está aí.

O movimento segue outros similares feitos pelos concorrentes. A Warner Media também se reorganizou em agosto para que todos as suas unidades de negócios ficassem sob o seu streaming HBO Max. A NBC adotou a mesma estratégia com o seu streaming Peacock. Mas nenhum deles tentou, até o momento, apostar totalmente em novos assinantes no lugar da bilheteria.

Especialistas, no entanto, têm concordado que, apesar de grande, a mudança na Disney só deve começar a dar resultados no final de 2021. No mínimo. E a sua estratégia não deve se tornar exemplo para outros estúdios. Não por enquanto.

Apesar de bem prejudicada, a Disney continua sendo a líder na indústria. E de longe. Ela tem capital para arriscar um lançamento de um filme de grande orçamento no streaming em vez de nos cinemas. Os seus filmes representaram aproximadamente 33% da bilheteria total dos EUA em 2019 — 38% se incluir os filmes da Fox, que a Disney adquiriu naquele ano. O seu concorrente mais próximo, a Warner Bros., respondeu por apenas 14%. E diferente deles, grande parte do conteúdo da Disney é focado em franquias voltadas para famílias, que tendem a fazer mais sucesso no streaming do que filmes de ação, por exemplo.

Mas o foco no streaming não significa o fim de blockbusters. A fórmula de filmes de grandes orçamentos com uma estratégia de marketing e merchandise por trás ainda continua sendo a mais lucrativa. Até pra Disney. “Embora permaneçamos confiantes de que a economia de streaming em sua totalidade é muito superior a longo prazo do que a economia de cinema/TV tradicional, nada pode alcançar a economia por filme que a Disney é capaz de gerar por meio de um lançamento cinematográfico global”, diz o analista Rich Greenfield.

Por Érica Carnevalli

Concertos com pianos de brinquedo

Não é de hoje que músicos profissionais resolvem usar instrumentos de brinquedo para produzir suas músicas. Aqui no Brasil o Pato Fu fez isso dez anos atrás em seu disco Música de Brinquedo (Spotify) que foi tão bem recebido, que rendeu até um segundo disco em 2017: Música de Brinquedo 2 (Spotify). Mas a verdade é que existe toda uma cena musical dedicada ao uso de pianos de brinquedo em salas de concerto. Talvez uma das mais conhecidas seja La redécouverte do compositor francês Yann Tiersen. Que fez parte da trilha sonora do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Mas a brincadeira vem de longe. Em 1940, John Cage compôs uma suite especialmente feita para ser tocada nestes pequenos pianos, que pode ser ouvida nesta apresentação feita em 2017 pela pianista chinesa Zitong Wang.

Uma característica destas peças é que pianos de brinquedo não são uniformes. Existem dezenas de fabricantes. Cada um usando técnicas e materiais diferentes, fazendo com que cada piano tenha seu próprio timbre. Diferente de pianos de concerto, um piano de brinquedo nunca está perfeitamente afinado, e certas notas costumam soar fora de tom para ouvidos mais treinados. Mas isso é parte da graça de se compor e executar estas peças. O compositor nunca vai ter o controle total de como sua música vai soar. Por conta disso, vários compositores acabam colecionando diversos instrumentos de forma a terem acesso a uma grande variedade de timbres e sons. E à medida que mais compositores criam peças para estes pianos, começam a surgir virtuosos destes pequenos instrumentos, como a italiana Antonietta Loffredo (Spotify) ou a cingalesa Margaret Leng Tan (Youtube).

E por falar em timbres e coleções é comum entre artistas de música eletrônica comprar compulsivamente sintetizadores e baterias eletrônicas vintage. Criando imensas coleções de equipamentos. Não raro mostram em vídeos suas mais preciosas aquisições, como Trent Reznor, do Nine Inch Nails, que conta sobre sua paixão por sintetizadores e em especial um Moog Voyager, que ele conta que sempre foi um dos principais instrumentos de suas composições. Ou o italiano Alessandro Cortini, também do Nine Inch Nails que apresenta sua “caverna de sintetizadores”, entre eles um histórico Buchla, com seu emaranhado de fios, botões e volumes. Ou ainda Moby, que abre seu estúdio caseiro e apresenta a coleção de baterias eletrônicas e sintetizadores que foi colecionando durante os anos. Moby conta que até poucos anos atrás ainda era possível encontrar algumas preciosidades sendo vendidas a preços baixos pela Internet, mas hoje em dia é mais difícil, e estes instrumentos viraram brincadeira de adulto. Pois é, como dizem por aí, a diferença entre crianças e adultos está no preço de seus brinquedos.

Por Vitor Conceição

E os mais clicados de uma semana que começou com Macho Man e terminou com dinheiro nas nádegas:

1. Twitter: A cara do âncora da CNN, Anderson Cooper, ao ver tocarem Macho Man, do Village People, em um comício de Trump.

2. Crusoé: PF encontra dinheiro entre as nádegas de vice-líder do governo no Senado.

3. BBC: Fotos vencedoras do concurso de Fotógrafo de Vida Selvagem deste ano.

4. BBC: Covid-19: tabela ajuda a avaliar risco de infecção cada vez que você vai a um evento social.

5. Twitter: Bolsonaro conta que tem relação quase estável com o senador Chico Rodrigues.

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A rede social perfeita para democracias

24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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