Edição de Sábado: A revolta da vacina presente

Até uma bomba jogaram na casa do reverendo Cotton Mather, o sisudo senhor de 53 anos que em 1721 já era a mais respeitada autoridade religiosa da pequena Boston, uma colônia inglesa na distante América. É que o pastor calvinista, filho e neto de religiosos respeitados, era também um curioso. Se por um acaso, na juventude, Mather tinha de fato tido lá sua participação no julgamento das bruxas de Salem — e ele acreditava em bruxas —, por outro era um dedicado observador de fenômenos da natureza. Estudava atento, por exemplo, como traços de espécies eram transferidos de geração em geração, e fazia experimentos com plantas para ver como produzir híbridos reunindo características que não existiam naturalmente. Seu pai havia sido reitor de Harvard. Ele, Cotton, foi um dos fundadores de Yale. Hoje, grandes universidades. E, naquele ano de 1721, o pastor vinha defendendo aplicar uma técnica que chegara do Oriente para o combate da varíola. Se chamava inoculação. Em meio a uma epidemia da doença que mataria 850 numa população de pouco mais de 11 mil, o reverendo Mather vinha recomendo expor as pessoas ao líquido da ferida de quem tinha versões fracas do mal.

É uma histórica clássica, a da inoculação em Boston, porque é um dos mais bem documentados estudos pré-vacina. Não era uma experiência sem risco tentar expor as pessoas de forma controlada à doença para conter uma epidemia assassina. Alguns dos inoculados morriam, mas morriam numa proporção bastante menor do que matava a epidemia que corria as ruas sem controle. Dentre os que seguiram o tratamento proposto pelo médico Zabdiel Boylston com o incentivo do púlpito feito pelo reverendo Mather, morreram um em cada 40. Dos que pegaram a doença na rua, um em cada sete. Para o pastor, estes números, a observação do fenômeno, eram o suficiente para convencê-lo de que o risco compensava. De que a técnica funcionava. Mas, ainda que acreditasse em bruxas, Mather já tinha uma cabeça científica. E assim como aquela experiência de Boston é uma das mais bem documentadas de inoculação, também a revolta que causou foi registrada com detalhes. Uma das primeiras ‘revoltas da vacina’.

A memória de experiências assim, do uso de inoculação para conter epidemias é ancestral. É daqueles conhecimentos médicos com registros tão antigos quanto a História. Mas foi só no final do século 18, quando Edward Jenner descobriu que uma cepa da varíola que dá em vacas não causa doença grave em pessoas e gera imunidade, que o conceito de vacina nasceu. Jenner, como qualquer cientista, não trouxe conhecimento do nada. O seu foi um passo à frente a partir dos estudos passados, documentados, como aquele de Boston. Só que não é um remédio que ele produziu. Não é algo que se toma e combate a doença e ao final ficamos bem. A vacina é a exposição deliberada à doença, numa forma enfraquecida, para que o corpo aprenda a se defender dela. Não é intuitivo. E, por isso, a vacina exige um salto para compreendê-la, que é o olhar científico para o mundo.

A nossa memória coletiva do conceito de vacinas é recente e por isso a resistência causa surpresa. Tanto no Brasil quanto no planeta. É uma memória que está na gotinha desenvolvida pelo doutor Albert Sabin que, só a partir de 1962, começou de forma indolor a nos livrar daquilo que desde o processo de urbanização se tornou um pesadelo de todos os pais. A poliomielite, paralisia infantil. Foi um imenso alívio quando apareceu. Mas isto tem a ver com o fato de que as décadas de 1950 e 60 são bastante ímpares: são décadas de celebração da ciência e do conhecimento técnico na cultura popular. O clima para aceitar ciência era favorável. É o tempo do homem na Lua e das coisas feitas de plástico, dos primeiros computadores e da explosão da ficção científica na literatura, cinema e TV. Mesmo no Brasil, que em parte deste período viveu uma Ditadura Militar, vivia uma ditadura cuja base ideológica era positivista — e, portanto, já tinha uma inclinação pró-ciência. Havia a compreensão de que era preciso desenvolver a ciência brasileira para desenvolver o Brasil.

É só que períodos assim, de celebração do conhecimento, são mais raros do que comuns. A Revolta da Vacina que Oswaldo Cruz enfrentou no Rio de Janeiro de 1904 não é única. Houve antes esta revolta de Boston. Quando Edward Jenner apresentou a vacina original, houve levantes em Londres e em toda a Inglaterra. Quebra-quebras nas ruas contra a ideia de o governo querer que as pessoas fossem vacinadas — até que após décadas o governo liberal do primeiro-ministro Lord Aberdeen tornou vacinação contra varíola compulsória em todo o país, em 1853.

Sim. Um governo liberal.

(O governo Aberdeen também é responsável pelas primeiras leis contra poluição do ar.)

O movimento antivacina contemporâneo não tem corte evidente pela polarização tradicional — ele é de esquerda e de direita. Em comum o que as duas vertentes têm é a desconfiança a respeito do conhecimento científico. Mas as histórias que contam são distintas. E ambas radicalizam princípios que, por si, podem ser positivos.

No caso das comunidades antivacina à esquerda, o que radicalizam é a ideia de uma vida menos exposta a tanta coisa artificial. Comida orgânica, parto natural. De fato, o deslumbre com tecnologia das décadas anteriores gerou um estrago — é o caso da exposição a agrotóxicos, hoje muito mais controlados. Mas deste raciocínio, estes grupos costumam ter aversão a alimentos geneticamente modificados, que em geral não oferecem problemas. Rejeitam medicamentos. E é muito frequente que vacinas sejam descritas como produtos empurrados por grandes farmacêuticas, incorporados à rotina das sociedades apenas para gerar lucros para corporações.

À direita, as corporações no discurso da esquerda são substituídas pelos governos opressores que impõem controles e limitam a liberdade dos cidadãos. Algo positivo em democracias, desconfiar do governo, é exacerbado ao nível da irracionalidade. Mais recentemente, teorias conspiratórias vão além, promovendo a ideia de que nações estrangeiras poderiam estar desenvolvendo testes ou infectando pessoas com objetivos espúrios.

Estes movimentos já existem por natureza na sociedade. Quando, em 1998, a Lancet publicou um artigo traçando elo entre a vacina tríplice viral e casos posteriores de autismo, a ideia deu alicerce a eles. É a principal revista médica britânica, uma das mais importantes do mundo. A publicação do paper foi uma das mais graves falhas do sistema de revisão por pares de um texto científico, tamanhos os problemas que há no estudo. Que é insustentável. Mas está diretamente ligado, vinte anos depois, aos surtos de sarampo que pipocam pelo mundo. Muita gente deixou de vacinar os filhos.

E assim calhou de a pandemia chegar quando já vivíamos um momento de alta dos movimentos antivacina. E ele se mostra justamente conforme uma corrida segue em busca da vacina que previna contra Covid-19. Vacinas raramente têm a elegância daquela gotinha do doutor Sabin. Em geral são eficazes apenas para um percentual limitado da população, é comum que quem tem determinadas características não possa tomar. É por isso que, para serem eficientes, precisam atingir a maior quantidade possível de pessoas.

Ou seja: quando houver vacina — ou vacinas — a pandemia terá mais chances de ser controlada quanto mais gente se vacinar. E se não houver gente o suficiente se vacinando, é possível que não funcione. Os motivos para preocupação variam de acordo com o país.

A Nature publicou esta semana uma pesquisa realizada em 19 países a respeito da aceitação de uma vacina para Covid-19. 71,5% relataram estar dispostos a tomar a dose quando ela existir — caso as agências sanitárias declarem que é seguro. O Brasil não está mal. Se o estudo, realizado em julho, se confirmar — países com grande confiança em governos centralizados como China, Coreia do Sul e Cingapura, assim como países de renda mediana — como Brasil, Índia e África do Sul — estão entre aqueles com população mais predisposta a se vacinar.

Mas isto foi antes de vacina virar tema de briga política por aqui.

Outra pesquisa, realizada pelo Real Time Big Data via telefone agora em outubro, já constatou que 46% dos brasileiros rejeitariam uma vacina de origem chinesa. Uma vacina de origem britânica, americana ou alemã seria rejeitada por 22%. Ainda assim é quase um quarto. É alto. O ceticismo é maior na faixa de 45 a 59 anos, mas também é grande entre os de 25 a 34. Homens tendem a ser mais resistentes a se vacinar do que mulheres.

Não há solução que não uma grande campanha de conscientização e esta precisa partir do governo — ou, no mínimo, contar com que o governo federal não atrapalhe. Democracias tornam vacinas compulsórias a toda hora e o argumento não é distinto daquele que os liberais ingleses lançavam mão já no século 19. É o argumento utilitarista: aquilo que produz mais valor para a maior quantidade possível de pessoas é o eticamente correto de se fazer. Ainda mais quando se leva em consideração que causa dano mínimo. O Estado tem o direito de intervir quando é para prevenir um mal, não só para impedir ações, mas também para impedir a inação. Grandes campanhas de vacinação protegem toda a sociedade e, no caso da Covid, nos permitira voltar à vida.

O problema é que não basta ser compulsório. É preciso convencer. Obrigar à força leva a revoltas populares e fortalece resistência — não funciona.

Nos EUA, o maior receio com a vacina vem daqueles que temem que ela esteja sendo apressada para beneficiar politicamente Donald Trump. Para que ele apresente uma vacina antes das eleições para faturar votos e ser reencaminhado à Casa Branca. Como, no Brasil, a disputa entre o governador paulista João Doria e o presidente Jair Bolsonaro, que têm na mira o Planalto em 2022, também está no epicentro que alimenta o ceticismo da população. Polarização e anticientificismo estão se tornando a combinação destrutiva do tempo.

Por Pedro Doria

Gerenciando equipes em um mundo polarizado

Estamos cada vez mais polarizados, e a polarização se espalha por todos os aspectos da vida, inclusive o trabalho. Isso gera um novo desafio para gestores: como gerenciar equipes com visões políticas radicalmente diferentes? Como não deixar que afete o dia a dia? A Harvard Business Review mergulhou no assunto e publicou um artigo com suas conclusões, recomendações e alguns estudos de caso. Segundo os especialistas consultados pela revista, o trabalho de um gestor deve ser o de criar um ambiente saudável em que os colaboradores se sintam seguros para contribuir com suas ideias e experiências. O artigo lista algumas recomendações de como isso pode ser feito:

Sirva de exemplo. Diferentes visões políticas são mais um elemento de diversidade numa equipe. É inevitável que certos conflitos ocorram, mas eles devem sempre ser encarados de forma civilizada. Cabe ao gestor demonstrar o tom correto de como todos devem se relacionar. O gestor deve encorajar visões diferentes, demonstrando respeito às diversas visões e estar aberto para questionar suas próprias opiniões.

Não se deve proibir discussões políticas. Pode parecer uma solução tentadora, mas é inviável e contraproducente. Colocar barreiras sobre o que as pessoas podem discutir causa mais danos do que benefícios à cultura. Nenhum tópico deve ser proibido. Por outro lado, não se deve forçar ninguém a participar de discussões assim. Deixe claro que só se deve discutir política com quem o desejar, quando quiser.

Regras básicas devem ser definidas. É parte do trabalho do gestor ajudar os membros de sua equipe a aprender a ter discussões difíceis. Mostre que é possível que pessoas de diferentes ideologias possam ter uma conversa saudável, produtiva e que ajude o relacionamento de todos. Algumas regras são essenciais. Enfatize respeito à opinião dos outros. O gestor deve ser proativo em manter as discussões positivas e com uma certa cortesia. Não se deve tolerar xingamentos, interrupções constantes, ou outros comportamentos abusivos. Promova auto-reflexão. Muitas discussões políticas viram conflito pois não paramos para tentar entender a posição do outro. Estamos mais preocupados em nos provar certos do que em demonstrar nossa empatia e ouvir argumentos. Essas conversas muitas vezes podem parecer confusas e desconfortáveis, mas quando feitas de forma sincera e aberta rendem momentos que iluminam.

Não deixe de chamar a atenção sempre que alguém fizer um comentário inapropriado ou insensível. É papel do líder se posicionar, deixar claro quais as fronteiras que não devem ser cruzadas e estabelecer os valores de sua organização. Tenha também conversas individuais com as pessoas. Tanto para chamar atenção de comportamentos inapropriados, como para ouvir e entender as preocupações de quem não se sente confortável de falar de forma aberta.

E por falar... Ezra Klein, editor do Vox, lançou no começo desse ano um precioso livro em que tenta entender porque nos tornamos tão polarizados politicamente. Dentre os estudos que levanta, um mostra que a discriminação política é hoje uma das formas contemporâneas de discriminação, chegando a ser tão significativa quanto de raça ou de gênero.

Por Vitor Conceição

Podcasts vão para telas e sinalizam nova frente na guerra do streaming

Nos últimos anos, tem se tornado mais comum podcasts irem para as telas. São transformados em filmes ou em séries, como a de suspense psicológico, Homecoming (Amazon), baseada no podcast da Gimlet Media de mesmo nome. A mais recente é Por Trás Daquele Som (Netflix), inspirado pelo podcast Song Exploder (Spotify), lançado em 2013. No áudio, vários artistas como U2, Iggy Pop e Tame Impala já foram entrevistados ao longo dos anos. Agora, na tela, Alicia Keys, R.E.M., Ty Dolla $ign e Lin-Manuel Miranda contam as histórias por trás de seus grandes hits musicais. A popularização crescente desse formato tem tornado os podcasts uma nova frente na guerra do streaming.

Hollywood está de olho nos podcasts desde o começo dos anos 2000. Mas hoje a relação se tornou mais estreita. As produtoras de cinema e TV usam cada vez mais os podcasts como incubadoras. Testam ideias em áudio (que são mais em conta) para decidir se devem ir para as telas. Esse é o acordo, por exemplo, feito, mês passado, entre o Spotify e a Chernin Entertainment, responsável por filmes como Planeta dos Macacos.

Além de ganharem propriedade intelectual sobre um catálogo de conteúdo, para as produtoras, os podcasts também significam mais dados. Essa mudança começou com o Spotify e a Apple. As empresas optaram por compartilhar mais dados com os podcasters. Por exemplo, quanto tempo os usuários escutam um episódio ou qual tema é mais popular. Como elas controlam os aplicativos usados para a reprodução, têm acesso a essas informações, junto com os dados pessoais que os usuários forneceram quando se inscreveram. Desde 2005, quando a Apple incluiu o podcast no iTunes e essa indústria ganhou força, os podcasts são reproduzidos por RSS, de forma descentralizada. Isso significa pouca informação para os produtores — quando o conteúdo é tocado só têm acesso ao endereço de IP do usuário.

Não são apenas os estúdios que saem ganhando com essa nova parceria. Para o Spotify, por exemplo, a indústria da música não é lucrativa: por causa dos direitos autorais, as gravadoras ganham 70 centavos de cada dólar que a plataforma lucra. Enquanto no setor fragmentado dos podcasts, não precisa pagar diretamente os criadores. Eles lucram com os anúncios. Por isso, em fevereiro o Spotify anunciou que não era mais apenas um streaming de música, mas queria se tornar uma plataforma de áudio.

A sua estratégia é a mais agressiva e está se afastando desse ambiente aberto do podcasting com cada vez mais conteúdo exclusivo. Fez um acordo com Joe Rogan (um dos podcasters mais populares), com Kim Kardashian, Michelle Obama e Warner Brothers, que produzirá podcasts com sua franquia de super-heróis DC. Nos últimos dois anos, investiu mais de US$ 600 milhões para adquirir três redes de podcast, incluindo a Gimlet Media, uma das maiores do mundo. E se comprometeu a gastar mais US$ 500 milhões para se tornar a maior no ramo — título que há muito tempo é da Apple. Tem dado resultado: impulsionado também pela pandemia, no primeiro semestre de 2020, a sua participação de usuários ativos mensais que ouvem podcasts aumentou de 16% para 21%, e o número de programas dobrou para 1,5 milhão, sendo mais de 250 originais.

Outras também têm investido mais no setor. A Apple começou a comprar conteúdos originais. A Amazon incluiu podcasts no Amazon Music. E o Google começou a compartilhar mais informações sobre os usuários com os podcasters.

Mas a aposta ainda é para longo prazo. A maioria da receita vem dos anúncios, que, nos EUA, deve crescer 45% para US$ 1 bilhão em 2021. Enquanto anúncios na TV, por exemplo, ainda geram US$ 70 bilhões ao ano.

Os podcasts mais populares por país no Spotify.

Alguns dos episódios do podcast Song Exploder mais marcantes, incluindo Ramin Djawadi em como criou a música tema do Game of Thrones.

E outras séries que foram inspiradas em podcasts.

Por Érica Carnevalli

E como há de ser, os mais clicados dessa semana:

1. Época: Carlos Bolsonaro usa mais uma vez por engano o perfil do pai.

2. El País: Para onde os brasileiros já podem voltar à voar?

3. Wired: Como reaproveitar aquele celular velho?

4. Tiktok: O vídeo que viralizou a música Dreams do Fleetwood Mac.

5. Panelinha: Uma deliciosa torta de cebola caramelizada.

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‘Mapa de apoios está desfavorável ao Irã e sua visão de futuro’, diz Abbas Milani

17/04/24 • 11:00

O professor Abbas Milani nasceu no Irã. Foi preso pelo regime do xá Reza Pahlavi. Depois, perseguido pelo regime islâmico do aiatolá Khomeini. Buscou abrigo nos Estados Unidos na década de 1980, de onde nunca deixou de lutar por uma democracia em seu país de origem. Chegou a prestar consultoria a George W. Bush e Barack Obama, numa louvável disposição de colaboração bipartidária. Seu conselho sempre foi o mesmo: o Irã deve se reencontrar com um regime democrático, secular, por sua própria conta. Sem interferências externas.

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