Edição de Sábado: O Brasil que vai às urnas

Em meio a uma pandemia, com um estado da União ainda às escuras e enfrentando na medida do possível as ondas de desinformação nas redes sociais, os brasileiros amanhã vão escolher os próximos prefeitos e vereadores de 5.570 municípios. Cada eleição é diferente da outra, mas esta abusa do direito de ser atípica, e não apenas pelos fatores listados acima. O país ainda não processou completamente o impacto da Lava-Jato em sua estrutura partidária, convive com um governo que mantém a polarização em fogo alto e vê só agora uma reorganização da oposição.

Mas o que esses assuntos “federais” têm a ver com as eleições nos municípios, que deveriam tratar de creches, saneamento, postos de saúde, mobilidade urbana e outros temas locais? Tudo. Numa democracia, a política se faz de baixo para cima. Vereadores e prefeitos são cabos eleitorais de governadores e deputados estaduais, que, por sua vez, são importantes para candidatos ao Executivo e ao Legislativo federais.

Não é só isso. Desde a redemocratização as eleições municipais, em especial nos grandes centros urbanos, refletem o humor das ruas em relação a quem ocupa o poder no país. As derrotas sofridas em 1985 pelo PMDB no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, em Fortaleza e, principalmente, em São Paulo refletiram a crescente impopularidade do governo Sarney e certamente contribuíram para o nascimento no ano seguinte do Plano Cruzado.

Mais recentemente, a guinada conservadora no pleito de 2016 refletiu o clima de insatisfação com a política, em especial com a esquerda. Isso num momento em que o fenômeno Bolsonaro não era imaginado sequer pelo próprio.

Então o que podemos esperar das eleições (ou dos primeiros turnos) de amanhã e o que isso nos diz do cenário político brasileiro? Para responder a essa pergunta o Meio mergulhou nas pesquisas eleitorais feitas pelo Ibope em todas as capitais e nas outras 50 cidades mais populosas do país. E conversamos sobre esses números com o cientista político Carlos Pereira, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. Veja o que descobrimos.

Polarizado no topo, múltiplo na base

Nas últimas semanas, muito se tem falado na busca de alternativas para uma eventual polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Mas na disputa para a prefeitura das maiores cidades, essa polarização está longe de ser a regra. Segundo o Ibope, o Partido dos Trabalhadores só aparece com grande probabilidade de chegar ao segundo turno como cabeça de chapa em duas capitais.

A primeira é Vitória (ES), onde João Coser lidera com 26% dos votos, em empate técnico com Fabrício Gandini, do Cidadania, partido do atual prefeito, que tem 24% (veja a íntegra da pesquisa). A outra é Recife. Lá, a petista Marília Arraes aparece em segundo lugar com 21%, 12 pontos atrás de seu primo, João Campos (PSB) (íntegra). Além da prefeitura, eles disputam o legado político do lendário governador Miguel Arraes, avô de Marília e bisavô de João.

Além disso, o partido continua à margem de seu berço, o ABCD paulista. O Ibope aponta que os prefeitos tucanos de Santo André (íntegra), São Bernardo do Campo (íntegra) e São Caetano do Sul (íntegra) devem se reeleger em primeiro turno. Apenas em Diadema um candidato do PT, José Filippi, lidera — e com folga. Ele tem 38% das intenções de voto, contra Revelino Almeida (DEM) e Taka Yamauchi (PSD), empatados com 9% (íntegra). Há chances matemáticas no Rio e em Fortaleza, mas são remotas.

Assim como o PT de Lula, Bolsonaro também não parece comover os eleitores nas cidades que concentram a maior população. Mesmo com seu apoio explícito, Celso Russomanno (Republicanos) vem caindo sistematicamente nas pesquisas (íntegra) em São Paulo e, com 12%, aparece em terceiro lugar, um ponto atrás de Guilherme Boulos (PSOL), ainda que em empate técnico. No Rio, o candidato de Bolsonaro, embora sem muito entusiasmo, é o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que tem 15% e disputa com a Delegada Martha Rocha (PDT), com 14%, a chance de enfrentar o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) no segundo turno. Paes tem confortáveis 33% (íntegra). Justiça seja feita a Bolsonaro, Crivella carrega por conta própria, de acordo com o Ibope, uma rejeição de 58%.

No Recife, o apoio de Bolsonaro à Delegada Patrícia (Podemos) foi um autêntico beijo da morte. Além de ela cair quatro pontos, de 16% para 12%, o Cidadania, partido de seu vice, renegou a aliança. Melhor sorte teve o Capitão Wilson (PROS), que se mantém competitivo em Fortaleza e deve ir para o segundo turno, apoiado pelo presidente.

Como explicar que as forças que polarizaram as últimas eleições presidenciais não encontrem respaldo nos eleitores de grandes cidades? Para Carlos Pereira, no caso de Bolsonaro o estilo personalista e a falta de uma estrutura partidária dificultam a transferência de apoio.

“Existe um fenômeno que nós chamamos de coat tail, cauda de casaca”, explica o cientista político. “O partido que vence uma eleição presidencial ganha fôlego para a eleição seguinte. Foi assim durante os governos Fernando Henrique e Lula. Acontece que a eleição de Bolsonaro se deu exclusivamente em torno da figura dele. O PSL era nanico, não tinha capilaridade, e saltou para uma bancada enorme por causa do presidente. Mas ele agora está sem partido, e nos municípios há redes de interesses locais que se nutrem da estrutura partidária.”

Sobre o PT, Pereira lembra que o partido foi o grande derrotado nas eleições municipais de 2016, quando caiu de 630 prefeituras para 256, sendo que apenas uma era capital, Rio Branco (AC). Mesmo tendo chegado ao segundo turno das eleições presidenciais, a legenda ainda sofre os efeitos dos escândalos de corrupção e da debacle econômica do governo Dilma.

O que não quer dizer que a esquerda seja uma carta fora do baralho, pelo contrário.

Saída pela esquerda

Que o PT ainda é o maior partido de esquerda do país, não resta dúvida. Mas, além de indicarem que ele não voltará agora a seus tempos áureos, as pesquisas do Ibope mostram uma diversidade de candidatos competitivos que não estão sob a estrela petista, mesmo quando apoiados por ela. O caso mais emblemático é o de Manuela D’Ávila (PCdoB), que lidera com 27%, 13 pontos à frente de Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (MDB) (íntegra) e está à frente de ambos nas simulações de segundo turno. Vice de Fernando Haddad na eleição de 2018, ela inverteu o protagonismo e traz o petista Miguel Rossetto como companheiro de chapa.

O PSOL vai aos poucos se impondo como uma opção eleitoral viável, a ponto de a direção nacional do PT pressionar seu candidato em São Paulo, Jilmar Tatto, parado em 6%, a declarar apoio a Guilherme Boulos. É a primeira vez, desde a redemocratização, que o PT não tem um candidato entre os três primeiros na capital paulista. Mas o PSOL não se resume a Boulos. Em Belém (PA), o psolista Edmilson Rodrigues, coligado com o PT e outros partidos de esquerda, lidera com folga. Ele tem 38%, contra 15% de José Priante (MDB) (íntegra).

E correndo por fora Ciro Gomes procura devolver fôlego ao PDT de Leonel Brizola. O partido lidera em Fortaleza, no Ceará dos Gomes, com José Sarto, que arremeteu nas últimas semanas da campanha e chegou a 29%, ultrapassando Capitão Wagner (PROS), que tem 27%, e Luizianne Lins (PT), com 24%. Os três estão em empate técnico (íntegra). Não é o caso de Aracaju (SE), onde o pedetista Edvaldo Nogueira tem ampla vantagem sobre a Delegada Danielle, do Cidadania – 36% a 21% (íntegra). Sem contar o Rio, onde Martha Rocha ameaça a vaga de Crivella no segundo turno e, se chegar lá, pelas pesquisas, tem reais chances de bater o ex-prefeito Eduardo Paes.

Esse movimento na esquerda, que envolve a luta do PT para manter a capilaridade, é bem visto por Carlos Pereira. Ele lembra que em 1989, quando Lula tirou de Brizola a vaga no segundo turno da eleição presidencial contra Fernando Collor, o partido se tornou o núcleo em torno do qual as demais legendas orbitavam. Quando abria mão da cabeça de chapa, em geral era por composições nacionais.

“A questão é que o partido se isolou desde a queda de Dilma e das derrotas em 2016 e 2018”, explica o professor da FGV. “A ênfase na pauta ‘Lula Livre’ e a incapacidade de construir uma oposição sistemática ao governo Bolsonaro agravaram esse isolamento e abriram espaço para o fortalecimento de partidos como PSOL, PCdoB, PDT e PSB.”

Nem tudo são flores para a esquerda, evidentemente. Flávio Dino (PCdoB), o popular governador do Maranhão, verá sua capital nas mãos da direita, diz o Ibope. Eduardo Braide (Podemos), com 37%, deve disputar o segundo turno com Duarte Júnior (Republicanos) ou Neto Evangelista (DEM), empatados com 17%. Rubens Júnior, correligionário do governador, amarga dolorosos 8%.

DEM sem o fardo do PFL

A centro-direita também vê um movimento de descolamento. Após quase 30 anos como afluente do PSDB, sendo 14 deles na oposição, o Democratas era considerado um partido em vias de extinção, especialmente após a derrocada de seu líder no Senado, Demóstenes Torres (GO), cassado por ligação com a máfia dos caça-níqueis. Hoje, a sigla preside a Câmara e o Senado com Rodrigo Maia (RJ) e Davi Alcolumbre (AP) e avança sobre cinco capitais, incomodando Bolsonaro, do qual é, formalmente, aliado. Além do Rio, onde Paes leva ampla vantagem, o DEM deve, segundo o Ibope, ir para o segundo turno em Macapá com Josiel Alcolumbre, irmão de Davi, que lidera com 22%. Não se sabe quem ele vai enfrentar, pois Dr. Furlan (Cidadania) e Patrícia Ferraz (Podemos) estão empatados com 15% (íntegra). Lá, como as eleições foram adiadas por conta do apagão, o resultado ainda pode mudar muito.

Segundo turno, diz o Ibope, não está no horizonte de outros três candidatos do DEM, todos com a marca da continuidade. Gean Loureiro tem 58% na disputa pela reeleição em Florianópolis. Em Curitiba, Rafael Greca tem 46%, mas deve conseguir maioria absoluta se descontados os votos brancos e nulos. E Bruno Reis, em Salvador, tem o maior índice dos três, 61%. Ele foi vice no segundo mandato do atual prefeito (e presidente do DEM), ACM Neto.

“Como o velho ‘pefelê’ (PFL), o partido teve um papel de destaque na redemocratização, mas virou satélite do PSDB e depois não conseguiu se encontrar como oposição”, lembra Carlos Pereira. “Esse retrofit do DEM acontece à margem dos caciques tradicionais. Ele hoje se apresenta como uma opção de estabilidade, daí esses casos de reeleição e continuidade.”

A continuidade explica também a ampla vantagem de Alexandre Kalil (PSD) para se reeleger em Belo Horizonte. Ele tem 62%, muito à frente de João Vitor Xavier (Cidadania), com 7%, e Áurea Carolina (PSOL), com 5% (íntegra). Se o eleitor apostou no “diferente” em 2018, há um gosto pela familiaridade dos caciques em lugares como Goiânia, onde Maguito Vilela (MDB) lidera com 33% (íntegra), e Manaus, com o eterno Amazonino Medes (agora no Podemos) marcando 24%, contra David Almeida, do Avante, com 18% (íntegra). Cícero Lucena (PP), outro veterano, lidera em João Pessoa com 21% (íntegra).

Por falar nos dois últimos, não podemos esquecer o Centrão, a colcha de retalhos de centro-direita que ora apoia o governo Bolsonaro. Se sua aparição em capitais é tímida, ele reina em cidades de grande porte do interior, como Uberlândia (MG), Campinas (SP) e tantas outras.

Esse é o Brasil que chega às urnas no domingo. Qual sairá delas é algo que só saberemos na semana que vem. Mas seja qual for o resultado, será já uma arrumação de peças no tabuleiro para 2022.

Por Leonardo Pimentel

Fim de coligações proporcionais deve diminuir fragmentação partidária

A eleição municipal de 2020 é especial ainda por outro motivo. Será a primeira com a proibição de coligações proporcionais. Partidos podem se unir para apoiar um candidato a prefeito, mas seus vereadores vão brigar individualmente por um lugar ao sol. Antes, as coligações eram tratadas como um partido, e seu cociente eleitoral era o mesmo para todos, do grande puxador de votos ao nanico que só estava ali para garantir tempo de TV e acabava abiscoitando vagas no Legislativo com os votos alheios. Acabou. Agora o cociente será calculado separadamente para cada partido. Na opinião do cientista político Carlos Pereira, da FGV, essa vai ser uma prova de fogo para o sistema partidário.

“Vai ficar clara agora qual a real musculatura dos partidos”, avalia. “Com bancadas menores, eles terão menos acesso aos fundos partidário e eleitoral. Muitos terão de se fundir e redefinir seus papéis. Creio que a fragmentação partidária deve diminuir muito a partir de 2021.”

LP

Vote, simplesmente vote

No fim, não importa se você é de centro, de direita ou de esquerda. O importante é que no domingo pegue um documento com foto, consulte seu local de votação, confira a lista de candidatos, escolha com o máximo de seriedade e vote. Este ano, claro, com cuidados extras. Use máscara, leve a própria caneta para teclar e respeite a distância nas filas. Mas não deixe de votar. Democracia é como andar de bicicleta. Pode haver um tombo ou outro, mas só se aprende praticando.

LP

Lembranças de Martim Afonso

O Brasil celebrou as primeiras eleições do continente americano — e foram eleições municipais. (PDF)

A eleição, que ocorreu em 22 de agosto de 1532, foi ideia de Martim Afonso de Sousa, na recém-fundada São Vicente. Martim tinha autoridade para isso. Era amigo do rei como poucos. Na infância, por duas vezes dom Manuel, o venturoso, que era pai do futuro rei, mandara Martim de volta para casa. Ele o via como má influência para o jovem dom João, que seria dom João III. Era, aliás, tão íntimo de suas majestades que quando o rei dom Manuel achou por bem chama-lo de volta, Martim não quis voltar e, adolescente, desobedeceu a ordem real. Era nobre, Martim Afonso de Sousa, que não acaba mais. Amigo assim do jovem rei e marido de dona Ana Pimentel, cuja mãe era aia da rainha Isabel católica da Espanha. Aquela. Que expulsou com o marido dom Fernando os mouros. (PDF)

Ocorre que dom Manuel, tendo descoberto o Brasil, não soube bem o que fazer com a terra. Então dom João mandou o amigo Martim navegar pela costa e entender que lugar era aquele. Foi quem fundou São Vicente na baixada santista, em 1532, a primeira cidade do país. Mandou erguer ali um engenho de açúcar — um experimento que de repente dava certo. E quando a vilazinha tinha seis meses, determinou que se realizassem eleições para seu governo. Elegeram, os eleitores, um juiz, dois vereadores e um procurador que deveriam criar, executar e fazer obedecer a leis em nome do amigo de infância de Martim.

Houve muitas interrupções ao longo desta história, mas a tradição é longa.

Por Pedro Doria

I Am Greta: história da jovem ativista

“Como ousam?” O discurso contundente de Greta Thunberg aos líderes de 60 países, em setembro de 2019, na Cúpula do Clima da ONU, ganhou as manchetes pelo mundo. Naquela ocasião, a jovem, com hoje 17 anos, já tinha se tornado uma das ativistas do meio ambiente mais reconhecidas mundialmente e símbolo de um movimento liderado por adolescentes. Desde lá, ela foi escolhida como a Pessoa do Ano pela revista Time em 2019 e nomeada duas vezes pro Nobel da Paz. Além, claro, de colecionar críticos. Donald Trump chegou a dizer que Greta precisava trabalhar em seu problema de controle de raiva e Jair Bolsonaro a chamou de pirralha. Mas em recém lançado documentário, I Am Greta, segundo a própria, mostra seu verdadeiro lado: de “nerd tímida” e não a “criança irritada e ingênua” que “grita com os líderes mundiais”.

O diretor Nathan Grossman a acompanhou por um ano. Desde seus 15 anos, quando começou a protestar sozinha com apenas um cartaz na frente do Parlamento sueco em sua cidade natal, Estocolmo, até suas viagens internacionais. O interesse da menina pelo clima começou aos 8, mas foi em agosto de 2018 que começou a ganhar fama localmente ao começar a faltar às aulas nas sextas-feiras pra pressionar os líderes de seu país em relação às mudanças climáticas. A ideia era só manter a greve até o começo de setembro, quando seriam disputadas as eleições locais. Porém o movimento foi ganhando força entre jovens e a iniciativa ganhou nome: Fridays for Future (Sextas pelo Futuro, em inglês). Em dezembro do mesmo ano, ela foi convidada pra um evento da ONU e entrou nas manchetes mundiais ao dizer para representantes de mais de 200 países que estavam se “comportando como crianças”.

Assim, foi o começo da “Greve Escolar pelo Clima”. Em mais de 500 cidades no mundo, estudantes ainda adolescentes foram às ruas contra as atuais políticas climáticas. No dia 15 março de 2019, as passeatas somaram 1,5 milhão de pessoas. No dia 20 de setembro, já foram mais de 4 milhões. A mensagem de Greta — e dos protestos — é clara: de que a crise climática é a maior ameaça da humanidade e é preciso tratá-la como tal.

O sucesso do movimento também significou o de Greta. Ela tirou um ano sabático pra viajar pelo mundo encontrando líderes, como Barack Obama, o presidente francês Emmanuel Macron e o Papa Francisco. Suas viagens são sempre sustentáveis. Pra ir até Nova York pra discursar na ONU, atravessou o Oceano Atlântico em um barco à vela, com painéis solares e turbinas que geravam energia pelo movimento das águas. A sua recusa ao avião, setor responsável por 2,5% de todos os gases de efeito estufa, fez crescer o movimento flygskam na Europa — uma palavra sueca que significa a “vergonha de voar”. “Não parei de voar ou me tornei vegana porque queria reduzir minha pegada de carbono pessoal”, disse. “Mas tudo se trata de enviar um sinal de que estamos em uma crise e que em uma crise você muda o comportamento. Se ninguém quebrar essa cadeia de ‘Não vou fazer isso, porque ninguém mais está fazendo nada’ e ‘Olhe para eles. Eles estão se saindo muito pior do que eu’- se todos continuarem assim, ninguém vai mudar”.

Mesmo com a pandemia, a adolescente não parou de protestar todas às sextas na frente do Parlamento sueco. Mas com as quarentenas tem se reunido com jovens de forma online. Apesar de sempre dizer que se comunica melhor com pessoas mais velhas, se tornou inspiração para os mais novos. Essa dificuldade, aliás, ela atribui à síndrome de Asperger, um estado do espectro autista que afeta a capacidade de socialização. No documentário, diz que não é convidada pra festas e passa grande parte do seu tempo com a família. Ao mesmo tempo, acredita que sua condição a ajuda a manter foco no ativismo.

Seu movimento já tem dado resultados pelo mundo. No Brasil, 150 jovens criaram uma campanha – por meio da organização Fridays for Future – que já arrecadou quase R$ 900 mil para a proteção de indígenas da Amazônia durante a pandemia. A própria Greta doou R$ 600 mil, parte de um prêmio que recebeu, para o combate ao desmatamento na floresta. Em 2019, ela, junto a outros jovens, levaram uma queixa formal à ONU contra o Brasil e mais quatro países por não tomarem medidas para proteger as crianças dos impactos das mudanças climáticas. “A crise climática é apenas um sintoma de uma crise muito maior, [incluindo] a perda de biodiversidade, a perda de solo fértil, mas também inclui a desigualdade e as ameaças à democracia”, disse. “São sintomas de que não vivemos de forma sustentável: chegamos ao fim do caminho.”

Então… O documentário de Greta disponível no Hulu.

Seu discurso na ONU: Assista.

E o “efeito Greta”. Outros jovens ativistas lutando pelo meio ambiente.

Por Érica Carnevalli

O momento na guerra dos streamings

Uma das disputas mais interessantes do mundo da tecnologia hoje, é a chamada guerra dos streamings. É um assunto que temos acompanhado aqui no Meio, talvez até com uma certa fixação. Mas agora é um bom momento para voltar ao assunto. Não só teremos finalmente, na próxima terça, o lançamento da Disney+ aqui no Brasil (e em toda América Latina), como tivemos nas últimas semanas a divulgação dos resultados do último trimestre da própria Disney e da Netflix.

A Netflix, que apresentou seus resultados no dia 20 de outubro (PDF), continua a liderar o mercado com 195 milhões de assinantes, mas viu uma forte desaceleração em seu crescimento. No terceiro trimestre desse ano adicionou apenas 2,2 milhões de novos usuários. Uma queda considerável em relação aos mais de 10 milhões do segundo trimestre e os quase 16 milhões do primeiro trimestre do ano. Desde o início de 2016 que a empresa não apresentava um crescimento tão tímido. Não surpreende que suas ações tenham caído mais de 10% no último mês.

Já a Disney está rapidamente se posicionando como um dos grandes players nesse jogo. Nos resultados apresentados essa semana (PDF), seu serviço Disney+, que nem existia ano passado, já conta com mais 73 milhões de assinantes. Tendo conquistado 13 milhões de novos usuários no trimestre. Além deles a Disney conta ainda com mais 10 milhões de assinantes na ESPN+ e quase 37 milhões no Hulu, totalizando 120 milhões de assinaturas de streaming. Enquanto seus parques e os resultados de cinema foram afetados pela pandemia, o segmento de streaming (que inclui ainda as operações internacionais da empresa) cresceu 41% no trimestre e foi responsável por quase um terço do faturamento de toda a companhia.

Enquanto isso... Segundo a Forbes, a Apple TV conta com estimados 40 milhões de assinantes. O Peacock, da NBC Universal, com 22 milhões e a HBO Max com 8,6 milhões (que se somados com as assinaturas do serviço tradicional da HBO chegam a 57 milhões). A Amazon não divulga os assinantes de seu Prime desde janeiro, quando o serviço contava com 150 milhões de usuários. Mas o Prime Video é apenas parte do serviço, então não é possível fazer uma comparação precisa com os outros.

Embora muitos atribuam o rápido crescimento da Disney ao seu grande catálogo de filmes e séries, sua estratégia de lançamento e foco em parcerias com plataformas e outros serviços é responsável por parte desse sucesso. Diferentemente de HBO e NBC, a Disney se esforçou para disponibilizar logo seu serviço nas plataformas da Roku e no FireTV da Amazon. Juntas, elas controlam cerca de 70% das TVs conectadas no mercado americano. No lançamento do Disney+, o serviço ocupou toda a tela inicial dos usuários do Roku nos EUA. Além disso, as novas versões da caixinha de TV da Roku vêm com controle remoto que tem botões do Disney+, Hulu e ESPN+ juntos ao tradicional botão da Netflix. Já suas concorrentes hesitam fechar parcerias com ambas plataformas. Tanto Amazon como Roku exigem acesso a dados dos usuários dos serviços bem como acesso à parte do inventário de publicidade. Meses depois do lançamento de seu serviço, a NBCUniversal conseguiu negociar um acordo, e o Peacock já está disponível no Roku, mas ainda sem previsão de quando estará no FireTV. Já a HBO, continua fora de ambos.

Aqui no Brasil, a Disney segue apostando em parcerias. A assinatura vai custar R$ 27,90 por mês, mas poderá ser contratada em um combo junto com a Globoplay por R$ 37,90. E na segunda feira a TV Globo vai exibir na sua Tela Quente os dois primeiros episódios de The Mandalorian, a série de grande sucesso do universo de Star Wars, cuja segunda temporada acabou de estrear no serviço da Disney.

Por Vitor Conceição

E os mais clicados de uma semana de muita confusão:

1. Poder360: Uma coletânea de memes sobre a ameaça de Bolsonaro aos EUA.

2. Estadão: Comparação do poderio militar dos EUA e do Brasil.

3. CNN: Em vídeo, o primeiro teste com passageiros no Hyperloop.

4. Twitter: A nem tão sutil resposta do embaixador americano às ameaças de Bolsonaro.

5. Scientific American: As 10 tecnologias emergentes para ficarmos de olho em 2021.

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A rede social perfeita para democracias

24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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