Edição de Sábado: O Brasil na pandemia… cem anos atrás

Proteger a saúde ou a economia, cuja estagnação também tem consequências nefastas sobre o povo? Obedecer às boas práticas preconizadas pelos especialistas ou resistir à “ditadura da ciência” em nome das liberdades individuais? Impor medidas impopulares, mas eficazes, ou tentar uma composição que desagrade menos? Lendo assim parece um recorte das notícias que trazemos em bases diárias aqui mesmo no Meio. Só que essa discussão foi travada no Brasil há mais de 120 anos, com a pandemia da gripe espanhola, ou como é chamada pelos cientistas, a Gripe Pandêmica de 1918. Já que, segundo George Santayana, quem não aprende com a História está fadado a repeti-la, vamos ver o que aconteceu no tempo dos nossos trisavós – um spoiler: é bem parecido com o que vemos hoje.

Lá pelos idos de agosto de 1918 diversos assuntos ocupavam a atenção da imprensa, do público e das autoridades no Brasil. Havia uma Grande Guerra, que acabaria três meses depois, na Europa. Ainda se discutiam a derrubada do tzar Nicolau II, a posterior Revolução Bolchevique e seus possíveis efeitos. E, claro, aguardava-se a posse em novembro de Rodrigues Alves – guarde esse nome –, que conseguira um inédito segundo mandato como presidente nas eleições de março.

Foi quando começaram a circular notícias sobre uma nova doença que se espalhava pela Europa e África. Na verdade, ela teria sido levada para o Velho Mundo por soldados americanos, infectando rapidamente seus aliados ingleses e franceses, mas a informação foi censurada para não atrapalhar o moral da tropa. A neutra Espanha, onde até rei Alfonso XIII adoeceu, tratou do assunto abertamente e acabou levando a fama e dando nome à doença. No Brasil, as autoridades não mostraram preocupação, já que havia um oceano nos separando da Europa. Esqueceram-se da existência de uma coisa chamada “navios”.

Segundo Hermann Schatzmayr e Maulori Cabral, autores de A virologia no Estado do Rio de Janeiro: uma visão global (download gratuito), a doença chegou ao brasil em setembro de 1918 num navio inglês, o S.S. Demerara, vindo de Lisboa via Senegal – seu primeiro nome aqui, aliás, foi “gripe do Senegal” – e que fez escalas em Recife e Salvador antes de aportar no Rio de Janeiro. Era, na verdade, a segunda e mais mortífera onda da doença, desta vez se espalhando para além da Europa.

Parte da imprensa tratava a moléstia com desdém e até desinformação. Dizia-se que a gripe espanhola havia sido criada pelos alemães como arma de guerra – da mesma forma como há pessoas que afirmam, sobretudo em “grupos de Zap”, que o Sars-Cov-2 foi criado em laboratório pelos chineses, apesar dos estudos em contrário. Também se temia, como ressalta a historiadora Adriana da Costa Goulart em sua tese de mestrado, a volta da “tirania científica contra as liberdades dos povos civis” – uma discussão que também marca a reação de parte da população às medidas de controle impostas contra a Covid-19. Ainda era viva em 1918 a lembrança das duras medidas adotadas por Oswaldo Cruz no primeiro governo de Rodrigues Alves (1902-1906) para livrar a capital da varíola e da febre amarela, culminando na Revolta da Vacina.

Os primeiros casos da espanhola foram recebidos com relativo descrédito. Em setembro, 48 pessoas morreram de gripe num Rio de Janeiro de 910 mil habitantes. Era pouco. Além disso, os sintomas iniciais eram parecidos com os de uma gripe comum, e as primeiras vítimas eram idosos. Os cariocas, sempre cariocas, apelidaram a moléstia de “limpa-velhos”. Em 7 de outubro, quando quase cem casos foram confirmados no Rio e em Niterói, Carlos Seidl, respeitado diretor da Saúde Pública (equivalente hoje ao ministro da Saúde), admitiu que a doença havia chegado ao país, mas de uma forma “benigna” – não usou o termo “gripezinha”, claro, mas a analogia é óbvia. Uma semana depois, eram vinte mil infectados na capital da República. Justiça seja feita, Seidl tinha relativamente pouca autonomia; suas decisões passavam pelo crivo dos ministros da Justiça e do Interior.

As instituições de saúde do Rio e do país não estavam preparadas. Aliás, estavam sucateadas. Paulino Werneck, diretor de Higiene e Assistência Pública do Distrito Federal (o Rio, então), reconhecia que o problema não estava apenas nos hospitais, mas no “estado lamentável das ambulâncias e do aparelhamento clínico em geral”. Além disso, era uma doença desconhecida, uma gripe que matava um em cada vinte infectados, e não um em cada mil, como a versão convencional. E a “limpa-velhos” mostrou que não tinha preferências de idade, gênero ou etnia, embora a incidência fosse maior entre os mais pobres, com menos acesso a saneamento básico e cuidados de higiene e saúde.

Escolada pelas antigas epidemias do século 19, como varíola e febre amarela, a elite fugiu para chácaras e mansões afastadas, enquanto a população geral, na falta de informações ou orientações das autoridades, trancou-se em casa e viu os serviços públicos desaparecem. Começaram então os protestos de políticos e de parte da imprensa contra a paralização da cidade, sob a alegação de que ela levaria ao colapso econômico, ao desabastecimento e à fome. De fato, armazéns chegaram a ser saqueados por populares. Era a Primeira República, e os mecanismos de proteção social só surgiriam mais de uma década depois, com Getúlio Vargas. Algo como um auxílio emergencial não era sequer sonhado.

Diante da intensa pressão da imprensa, Seidl foi demitido pelo presidente Wenceslau Braz no dia 18 de outubro, substituído por Theóphilo Torres, que botou o brilhante cientista Carlos Chagas, então Diretor do Instituto Oswaldo Cruz, no comando do combate à gripe.

Como se outubro de 1918 já não estivesse caótico o bastante, uma notícia sacudiu a República. O presidente eleito Rodrigues Alves, o mesmo que patrocinara a revolução sanitária de Oswaldo Cruz, contraíra a espanhola e não tomaria posse em novembro – Alves acabou morrendo de complicações derivadas da doença em janeiro de 1919.

A situação começou a virar com a entrada em cena de Carlos Chagas, respeitado no Brasil e no exterior por, entre outras coisas, ter desvendado o mistério da doença que hoje leva seu nome. Com apoio da imprensa, foi alçado à condição de “herdeiro de Oswaldo Cruz”, este tratado como herói nacional desde sua morte em 1917.

Não havia vacinas nem remédios próprios para a doença. Chagas instalou cinco hospitais de emergência e 27 postos de atendimento na capital. A quarentena e o isolamento foram reforçados, mas, curiosamente, máscaras não eram um item de uso comum, inclusive entre profissionais de saúde, como mostra a galeria de fotos de época da Fiocruz. Nos EUA, por exemplo a imposição de máscaras levou à criação de um movimento contra elas.

A ação de Chagas foi replicada em São Paulo, onde a doença também foi devastadora, e nos demais estados, menos afetados. No final de 1918, a imunidade desenvolvida pela população fez com que a segunda onda arrefecesse, deixando pelo menos 15 mil mortos no Rio e 12 mil em São Paulo, além de vítimas no resto do país – o número total de óbitos nunca foi devidamente estabelecido, variando entre 35 mil e 300 mil, incluindo todas as ondas da doença. No início da pandemia de Covid-19, essa “imunidade de rebanho” também era uma esperança, mas hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS) não vê essa possibilidade no curto prazo, mesmo com vacinas.

Vendo-se livre da gripe, o carioca fez o que dele se esperava: caiu na esbórnia. O carnaval de 1919 foi considerado o mais agitado de todos os tempos na capital federal. Não foi por acaso que outras ondas da doença atingiram a cidade ao longo daquele ano até 1920. A grande diferença em relação à segunda onda de Covid-19 que vivemos no momento – após as aglomerações de fim de ano e das festas de carnaval clandestinas – é que as reincidências da espanhola foram menos letais que a de 1918.

Olhando para trás e para os lados, a conclusão é que, excluídos os avanços científicos e o contexto internacional, os Brasis de 1918 e 2020 têm na pandemia mais semelhanças que diferenças – a maior destas sendo o empenho do governo federal em combater a gripe espanhola, a despeito do começo atabalhoado.

Vivo fosse, Santayana ficaria profundamente decepcionado.

Como a palavra corrupção entrou no debate público

Quando entrou a década de 1950 no Brasil, e o país experimentava pela primeira vez democracia, corrupção não era palavra de uso corrente. Não é que o tema não existisse no debate público — estava, na verdade, justamente começando a aparecer. Mas, nas páginas dos jornais, não havia uma única palavra para tratar do problema — ‘favoritismo’, ‘suborno’ ou ‘propina’, ‘negócios escusos’, ‘peculato’ eram mais comuns. No início, bem no início mesmo, da década, ‘corrupção’ era termo mais usado para o drama institucional — a República corrompida, no sentido de danificada — do que para crimes individuais — o político corrupto, no sentido de ladrão. Foi durante o segundo governo de Getúlio Vargas que isto começou a mudar. E parte desta história envolve o filho do presidente, Maneco Vargas, e um empréstimo particularmente suspeito tomado no Banco do Brasil.

Pois é: filhos de presidente e empréstimos de bancos públicos já fazem parte da história do Brasil faz um tempo. Flávio Bolsonaro não inaugurou o esquema.

O Banco do Brasil começou a chamar atenção por seu uso pessoal ou político antes de Getúlio, ainda no governo de Eurico Gaspar Dutra. Como é comum ainda hoje, esquemas de desvio que um governo cria não raro são adotados e ampliados pelo seguinte. Foi, por exemplo, o caso do Mensalão tucano em Minas Gerais, cujo método depois foi adotado pelo PT em nível federal.

Dois escândalos grandes envolveram o governo Vargas e o BB. Um envolvia o jornal Última Hora, criado para ser governista, que foi financiado com empréstimos generosos, sob juros mais baixos do que os praticados e com contrapartidas não existentes. O outro envolveu a Cexim — Carteira de Exportação e Importação do banco —, que, em essência, definia que produtos podiam ou não serem importados para o Brasil. Um esquema de subornos e tráfico de influência, com favorecimento de gente próxima ao governo, facilitou muitos negócios.

O Banco do Brasil esteve nas manchetes durante todo o governo até ser interrompido pelo suicídio do presidente. Mas foi o caso de Maneco Vargas que causou mais indignação. O filho do presidente tinha dívidas de jogo e, a um determinado momento, simulou a venda de estância sua no Rio Grande do Sul para Gregório Fortunato, chefe da segurança de Getúlio. Gregório não tinha dinheiro. Assim, providenciou-se um empréstimo feito em seu nome no BB que teve como avalista o próprio ministro do Trabalho. João Goulart. As condições nunca ficaram claras, mas tudo indica que houve um ardil para que o dinheiro aparecesse na mão de Maneco, e Gregório entrou como laranja. A história nunca se resolveu, tornou-se mais um detalhe naquilo que, pela primeira vez, foi chamado “mar de lama”. O guarda-costas tentou matar Carlos Lacerda, jornalista acidamente crítico de Getúlio e futuro político e, assim, tornou a crise ainda mais aguda.

Getúlio saiu da vida para entrar na História. Jânio Quadros se elegeu prefeito de São Paulo prometendo varrer os corruptos. E assim a palavra tornou-se corrente nos debates públicos.

Em tempo: Marcos Otavio Bezerra, da Universidade Federal Fluminense, e Giuliana Monteiro da Silva, da Universidade Federal Rural do Rio, escreveram um paper sobre a palavra corrupção no período.

Origem do Dia Internacional da Mulher

Atualmente, o Dia Internacional da Mulher em 8 de março é amplamente conhecido e comemorado em mais de 100 países pelo mundo. A sua origem, porém, carrega controvérsias, principalmente por ter conexão com o movimento socialista. Não foi à toa que, até a década de 1970, a data fosse celebrada principalmente nos países comunistas, até a ONU institui-la, oficialmente, em 1975.

A versão mais comum é que a data teria sido estabelecida em 1907, para celebrar o 50º aniversário de um protesto brutalmente reprimido de trabalhadoras da cidade de Nova York. Mas não há indícios de que isso tenha ocorrido. Pelo contrário. Pesquisas mostram que esse “fato histórico” foi inventado na década de 1950, como parte de um esforço da era da Guerra Fria para tornar a comemoração da data como o Dia das Mães, sem qualquer associação à luta feminina.

A data, pelo contrário, começou a ganhar forma em 1908 nos EUA, na considerada primeira onda do feminismo. Entre meados do século 19 às primeiras décadas do século 20, enquanto as sufragistas, normalmente mulheres mais instruídas e pertencentes às classes mais altas, lutavam pelo direito ao voto e educação igualitária, operárias se organizavam em sindicatos e associações separadas dos homens por melhores condições de trabalho. Em 1908, 15 mil mulheres marcharam em Nova York por jornadas de trabalho mais curtas, pagamentos mais justos e, também, o direito ao voto. No ano seguinte, o Partido Socialista da América fez o dia 28 de fevereiro o primeiro Dia Nacional da Mulher.

Março começou a ser associado aos diretos das mulheres um ano depois. Ainda se imagina que foi devido ao incêndio que aconteceu na fábrica da Triangle Shirtwaist em Nova York. Em 25 de março de 1911, matou 146 trabalhadores, sendo 125 mulheres. Porém, um ano antes o mês já tinha se tornado referência no mundo. Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagen, Clara Zetkin, membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, o que foi aprovado por mais de 100 representantes de 17 países. Inicialmente não havia data definida, mas Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça foram os primeiros países do mundo a comemorarem no mesmo dia: 19 de março.

Os protestos por condições melhores de trabalho continuaram e se intensificaram mundialmente com a Primeira Guerra Mundial. Mas foi só em 1917 que o 8 de março foi primeiramente associado ao Dia Internacional da Mulher. No dia, operárias iniciaram uma greve na Rússia contra as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra. O movimento teve adesão de cerca de 50 mil trabalhadores e marcou o início da chamada Revolução Russa de 1917, que forçou o tzar a abdicar. Com o movimento, as russas conquistaram o direito ao voto, tornando a Rússia a primeira grande potência a criar uma legislação de sufrágio para mulheres. E Vladimir Lenin, fundador do Partido Comunista da Rússia, declarou o Dia da Mulher um feriado oficial soviético em 1917. Os comunistas na Espanha e na China mais tarde também adotaram.

Mas, exatamente por estar ligada ao socialismo, após a década de 1920, a data caiu no esquecimento, e suas origens foram deturpadas. Só começou a ser recuperada pelo movimento feminista já na década de 1960. Aliás, foi nesse período que ganhou força no Brasil. A data serviu para unir o movimento das brasileiras contra a ditadura militar implantada em 1964.

Imagens de mulheres protestando pelo mundo. Veja.

Uma programação de eventos para celebrar (em casa) o Dia Internacional da Mulher. Confira.

Documentários que serão exibidos ao longo do dia. Vão de Frida Kahlo a Clementina de Jesus. Assista.

E no dia 15 de março será lançado o This is Personal: A Marcha das Mulheres (Netflix), documentário sobre a mobilização ocorrida logo após a posse de Donald Trump em 2017.

A volta do Turntable.fm

Muito antes do Clubhouse existiu o Turntable.fm. Para contar essa história precisamos voltar ao comecinho da década passada. Janeiro de 2011, Billy Chasen e Seth Goldstein, fundadores da StickyBits, uma startup especializada em QR Code, sabiam que não estavam conseguindo tração para seu produto e que não adiantava insistir gastando o dinheiro de seus investidores que ainda estava no banco. Resolveram fazer uma mudança radical de planos, o tal do pivot, tão na moda nos círculos de startups (entenda). Em maio do mesmo ano, já com o nome de Turntable.fm, lançaram seu novo produto. Uma plataforma em que usuários podiam criar salas em que subiam num palco virtual e eram DJs por alguns momentos. Com duas pick-ups os DJs escolhiam e mixavam as músicas enquanto outros usuários curtiam o som dançando com seus avatares na tela, conversavam em um chat lateral e davam notas para as músicas.

A estratégia de lançamento foi muito similar à do Clubhouse, toda no boca a boca e com acesso mediante convites. Por volta de junho o Turntable.fm tinha virado uma febre. Era o lugar para ver e ser visto no mundo virtual. Pelas salas você podia encontrar gente como o escritor Neil Gaiman, um dos DJs mais ouvidos na plataforma, o influente investidor Fred Wilson, que frequentava diariamente uma sala de Indie Rock entre 5h e 7h, e até mesmo um, já bilionário, Mark Zuckerberg foi visto uma vez por uma sala com o sugestivo nome de trilha sonora para programadores. Era um verdadeiro clubinho que juntava gente da tecnologia com gente da música e da cultura. Muitas histórias foram contadas estes tempos do boom do Turntable.fm.

Paul Miller, jornalista de tecnologia do Verge: “Entrei em uma sala, e no palco estavam cinco avatares de DJs com seus laptops. Na plateia outro grupo de avatares, alguns balançando a cabeça, certamente aprovando a música, enquanto outros parados, aguardavam a próxima mixagem. Controlando as pickups, Gorilla vs Bear (GvB), DJ de certa fama, tocava Heartless, de Kanye West. Ao seu lado estava Ryan Schreiber, fundador do Pitchfork, que havia convidado Diplo para a plataforma. Diplo estava na platéia e GvB, que controlava a mesa, tentava fazer com que ele subisse ao palco. Não era um processo simples, quando vagava um dos cinco lugares no palco, o primeiro da plateia que clicasse ocupava o espaço. Foi preciso expulsar do palco umas 20 pessoas até que Diplo finalmente pudesse subir e começar a tocar. Não conhecia muito de Diplo e não reconheci a música do Major Lazer que ele tocou, ele repetia que não poderia tocar o terceiro verso, presumi que era uma música ainda não lançada. Foi bastante divertido, mas eu estava me sentindo mais no clima de ver uma celebridade tocando uma música nova, direto de seu computador, em um novo e de certa forma bizarro serviço em que ao mesmo tempo conversávamos como em uma sala de chat dos anos 90. Apesar de ver algumas pessoas começando a balançar suas cabeças, os haters estavam muito mais dominantes no chat. Reclamando de Diplo. Depois que Ryan e GvB tocaram algumas músicas, Diplo tocou uma segunda faixa ainda sem título. A sala estava completamente insana, os DJs que haviam sido expulsos do palco para dar espaço para Diplo, reclamavam sem parar no chat, enquanto outros tentavam convencer as pessoas a se mudarem para uma outra sala aberta como dissidência da que estávamos. A única unanimidade é que todos reclamavam de Diplo, que, irritado, deixou o palco. Mais tarde, Diplo voltou brevemente e ainda tocou uma terceira música inédita, mas eu já estava desanimado, fechei o browser e escolhi eu mesmo uma música para ouvir.”

Em dezembro de 2013 o Turntable.fm fechou as portas. Com o tempo, as celebridades foram deixando as salas, e a empresa nunca conseguiu criar um modelo que rentabilizasse o negócio. O resultado é que o serviço foi desligado após uma última noite de festa, deixando órfão um pequeno grupo de usuários fiéis, tentando salvar o clubinho por meio de petições e abaixo-assinados. Um pouco no clima daquela saudosa casa noturna que durou apenas dois verões.

Mas, como muitas vezes, uma ideia é boa, mas veio apenas antes de seu tempo. Se áudio é a onda do momento e as pessoas estão entrando em salas do Clubhouse para ouvir outras conversarem, porque não testar de novo a ideia de deixar os usuários serem DJs por um dia? Pois é... Estão surgindo dois novos Turntables. O criador Billy Chasen reativou o Turntable.fm original com as mesmas funcionalidades de antes. Mas dando acesso apenas para quem tem uma senha secreta. Mortais precisam entrar em uma lista de espera. Enquanto isso, uma turma da equipe inicial resolveu desenvolver uma nova versão, o Turntable.org, ainda não lançado, com algumas novas funcionalidades prometidas e também com uma lista de espera para quem quiser brincar de DJ.

Resta saber se esse revival é pra valer e estamos vendo o surgimento de toda uma nova categoria de plataformas de áudio que vão dominar a próxima década, ou se vamos ver o Clubhouse repetir a trajetória de sucesso fugaz da primeira encarnação do Turntable.fm.

E, de volta, a lista dos mais clicados da semana, que, por um infortúnio, acabou não entrando na edição da semana passada (mas que pode ser consultada em nosso site):

1. G1: Bomba da segunda guerra é detonada perto de universidade no Reino Unido.

2. MIT Technology Review: 10 tecnologias inovadoras de 2021.

3. Folha: Globo de Ouro testa tapete vermelho pandêmico com videochamadas.

4. Youtube: Quanto custa o Bolsonaro?

5. Vanity Fair: Novo trailer do Liga da Justiça de Zack Snyder tem trilha de Tom Waits.

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24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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