Edição de Sábado: Cultura do Cancelamento e Liberdade de Expressão

No último dia 7, a revista Harper’s publicou um pequeno texto, três parágrafos ao todo, que recebeu por título Uma Carta sobre Justiça e Debate Aberto. Tem, ao todo, 153 signatários entre acadêmicos, artistas e jornalistas. “Protestos importantes por justiça racial e social levam à exigência de uma necessária reforma da polícia, além de pedidos mais amplos por igualdade e inclusão em toda a sociedade, particularmente na educação superior, jornalismo, filantropia e nas artes”, escrevem. “Mas este necessário reconhecimento tornou mais intenso um novo conjunto de atitudes morais e compromissos políticos que tendem a enfraquecer a normas do debate aberto e tolerância de diferenças em favor de conformidade ideológica.” O alvo dos signatários são as ondas críticas, em geral pesadas e mobilizadas via redes sociais, contra a manifestação de opiniões que escapem a um consenso formado no entorno da luta identitária ou outras pautas em geral atribuídas à esquerda.

Ou seja: argumentam que enquanto da extrema-direita se ergue um populismo autoritário, de gente bem intencionada da esquerda vem outro tipo de autoritarismo.

Nos EUA, exemplos recentes de ataques do tipo são muitos e as queixas do outro lado são antigas. Mas dois pontos tornam esta carta diferente. O primeiro é que parte do reconhecimento do problema. Há grupos para os quais a conquista de espaços, na sociedade, é mais difícil. Não questionam o diagnóstico. O segundo ponto são os signatários, muito diversos tanto ideologicamente quanto em suas experiências de vida. O jornalista David Brooks é um dos mais reconhecidos nomes do conservadorismo americano. O linguista Noam Chomsky é um dos mais reconhecidos dentre os intelectuais de esquerda em um país onde a esquerda tradicional é um grupo pequeno. Ambos estão entre os 153. Como está a professora Deirdre McCloskey, uma dedicada liberal, economista da Universidade de Chicago — e trans. A escritora Margaret Atwood, com sua longa militância feminista, acompanhada de Gloria Steinem, um dos principais nomes do feminismo dos anos 1960 e 70. O trompetista Wynton Marsalis, curador do Jazz at Lincoln Center em Nova York e militante do movimento negro. O cientista político Francis Fukuyama, o jornalista Malcom Gladwell, o psicólogo cognitivo Steven Pinker, o escritor Salman Rushdie.

Em essência, questionam as ondas de cancelamento. Os movimentos que se juntam rapidamente nas redes sociais para a exigir de universidades e periódicos a demissão de quem manifesta ideias que fogem a um conjunto pré-determinado.

O estopim para a publicação da carta foi a demissão, pelo New York Times, do editor de opinião James Bennet. Ele, que estava entre os candidatos a ascender ao cargo principal da redação, de Editor Executivo, caiu após o jornal publicar em suas páginas um artigo do senador republicano Tom Cotton. Dentro do Senado, Cotton é um dos parlamentares que se põe mais à direita, leal ao presidente Donald Trump. No texto, defendeu um ponto de vista impopular mesmo entre seus companheiros de partido: o de que o Exército deveria ir às ruas para garantir a ordem em meio aos protestos do movimento Vidas Negras Importam. As redes sociais se levantaram contra o jornal. A publicação do artigo do senador incentiva o ódio e a divisão do país, criticaram. No primeiro momento, o Times defendeu a decisão de publicar. Argumentava que, em sendo a opinião de um senador, deveria ter espaço no debate público aberto. Mas, sob pressão, terminou por demitir Benett.

A crise disparada dentro do Times ainda não terminou. Esta semana, a articulista e editora Bari Weiss se demitiu. “Fui contratada com o objetivo de trazer vozes que não costumavam aparecer em suas páginas”, escreveu numa carta aberta ao publisher do jornal, Arthur Sulzberger. “O Twitter não está listado entre os editores do New York Times, mas o Twitter se tornou seu editor definitivo. Meus avanços ‘pensando errado’ se tornaram motivo de bullying por colegas que discordam de mim. Fui chamada de nazista e racista.” Afirmando que o ambiente se tornou hostil para uma pessoa conservadora, ele escolheu deixar o diário.

Também esta semana, um dos signatários da carta entrou na mira do cancelamento: é Steven Pinker. Politicamente liberal, professor de Harvard e escritor de livros muito vendidos de divulgação científica, Pinker é acusado de fazer pouco de injustiças. Com base em alguns tuítes antigos e o trecho de um de seus livros, um conjunto de linguistas exigiu que seu nome fosse extirpado da lista de membros da Sociedade Americana de Linguística. A organização não cedeu. “Não é nossa missão controlar as opiniões de nossos membros.” Um dos tuítes de Pinker que foram questionados é sobre violência policial. Em 2015, o professor sugeriu que o excesso de mortes de negros não ocorre por racismo, e sim porque a polícia atira mais do que deveria. O problema estaria no treinamento e seu argumento ele o construiu com base em estatísticas. “O mundo é complexo”, afirmou Pinker. “Estamos tentando entende-lo. Há um valor inerente à liberdade de expressão, porque ninguém sabe qual a solução para um problema a priori.”

Quando se tenta calar opiniões que fogem ao consenso de um grupo, sustentam as pessoas que se juntaram no entorno da carta, é como se alguns debates fossem proibidos. E um certo pendor pela incorreção política passa a ser punido. Gary Garrels, curador de pintura e escultura do Museu de Arte Moderna de San Francisco, se demitiu também esta semana após um abaixo-assinado de funcionários da instituição o exigirem. Quando perguntado sobre a diversidade étnica e cultural dos artistas em sua coleção, fez pouco do questionamento. “Não se preocupe”, respondeu com acidez. “Continuaremos a incluir artistas brancos.” Foi chamado de supremacista branco. Ao renunciar ao cargo, ainda tentou se explicar. “Gostaria de me desculpar com todos”, escreveu. “Logo que usei o termo ‘discriminação reversa’ percebi que é uma expressão ofensiva. Sinto muito que estas palavras tenham magoado a tantos na equipe. Não acredito ter dito que é importante colecionar a arte de homens brancos”, disse. “Falei que é importante não excluirmos a arte de homens brancos. Mas, no clima atual, compreendo que não conseguirei mais trabalhar com eficiência no SFMOMA.” A petição que circulava deixava claro: “A remoção de Gary não é negociável.”

O questionamento levantado pela carta, porém, não é consensual e tem críticos importantes. Um deles é o jornalista Ezra Klein, acionista do grupo de comunicação Vox, e reconhecido como um dos mais reflexivos de sua geração.

A crítica cultural Emily VanDerWerff, que escreve para o site Vox, tornou pública uma carta sua para seus editores. “Como mulher trans que valoriza sua posição no Vox e o apoio da publicação no emocionalmente difícil período de transição, fiquei muito triste de ver a assinatura de Matt Yglesias na carta da Harper’s”, ela escreveu. Yglesias, um dos fundadores do site, ele próprio um jornalista igualmente respeitado, está entre os chefes de VanDerWerff. “A carta, assinada por muitas pessoas proeminentemente anti-trans e com muitas sugestões anti-trans, idealmente, não teria sido assinada por ninguém do Vox, quanto mais um dos nomes mais importantes da redação. Sua assinatura faz com que eu me sinta menos segura no trabalho. Não quero que Matt seja repreendido, demitido ou mesmo obrigado a se desculpar. Algo assim apenas tornaria mais concreta, em sua mente, a ideia de que pode ser martirizado por suas crenças. Mas quero deixar claro que suas ideias não lhe custam nada, não envolvem riscos.”

O debate interno na redação do site se esparramou pelo Twitter, confrontando dois grupos. Klein, amigo de longa data de Yglesias, partiu em defesa de VanDerWerff. “Muitos dos debates que se vendem como sendo sobre liberdade de expressão são, em verdade, manifestações de poder”, tuitou. “E há muito poder em poder dizer que carrega o mando da liberdade de expressão.” Porque aí a briga explodiu, se queixando de como aquela rede social é um ambiente pouco adequado para debates complexos, Klein levou a discussão para seu podcast. Para ele, chamou outro dos signatários, o cientista político Yascha Mounk.

A questão do poder de quem defende liberdade de expressão e o sentir-se seguro no ambiente de trabalho estão no cerne de seu argumento. Defender o direito da livre expressão, afinal, é daqueles gritos aos quais ninguém se põe contra. Quem organiza um debate enquadrando a questão desta forma põe imediatamente, do outro lado, qualquer um que discorde da tese como censor. E quando este posicionamento vem de pessoas com larga influência na cultura e no debate público, aí o desequilíbrio entre os dois lados do debate se torna ainda maior.

Como editor, diz Klein, ele aprendeu a perceber que, em muitas reuniões, para algumas pessoas é mais difícil se posicionar. Ter uma história pessoal que impõe mais dificuldades à vida e à carreira, e por isso estar frequentemente em minoria, é um gerador de ansiedades. Muitas vezes para negros, para LGBTs e mulheres, as barreiras por ultrapassar são mais difíceis. Se intimidar ocorre com mais frequência. Raramente estes dramas pessoais são percebidos por quem está no entorno. E assim, quando surge um debate no qual se tenta trazer para a conversa o peso de uma experiência de vida que não é compartilhada com quase ninguém na sala, ocorre com frequência que ela seja ignorada. Faz parte dos mecanismos cotidianos da sociedade. Aí, não se trata mais de um debate sobre liberdade de expressão. É um debate sobre igualdade de oportunidades.

Um debate que, evidentemente, não se encerra. Porque os cancelamentos existem. Porque embora nem Emily VanDerWerff tenha pedido a demissão de Matt Yglesias, embora Ezra Klein tenha deixado claro desde o início que assinar a carta não o punha em qualquer risco, não faltou quem tenha pedido sua cabeça por pensar que o debate está sendo interrompido. Talvez. Mas nos EUA, pela primeira vez em muito tempo, este é um debate que caminha.

A relação entre Charles Schulz e Cidadão Kane em Peanuts

Como muitos artistas, Charles Schulz afirmava que poderia ser conhecido apenas através de sua criação. “Se uma pessoa ler minhas tiras todos os dias, ela me conhecerá, com certeza – saberá exatamente o que sou”. Parte da atmosfera de mistério do criador de Charlie Brown e Snoopy era sua total autossuficiência. Por quase cinquenta anos, conforme reza a lenda, ele foi sempre o único ser humano a escrever, esboçar a lápis, cobrir com tinta e colocar as letras em Peanuts. A pergunta padrão - Charlie Brown é realmente seu alter ego? - era respondida inicialmente com ironia. “Na verdade, não, se bem que isso dá uma boa história”. Dez anos mais tarde, a novelista Laurie Colwin perguntou se alguém que acompanhasse a tira desde o início realmente conseguiria fazer o seu retrato biográfico. “Acho que sim. Suponho que teria de ser alguém bem esperto”. Um ensaísta recebeu a notícia de sua aposentadoria com uma resposta ainda diferente: “Nós conseguimos imaginar qualquer norte-americano mais merecedor de uma busca de interpretação biográfica ao estilo de Rosebud. Todavia, Schulz, sempre um mestre da narrativa em quadrinhos, já juntou as peças para nós”.

E ele de fato havia juntado.

Em 1941, Cidadão Kane, de Orson Welles, chegara ao cinema. E Sparky, apelido de Schulz, imediatamente reconheceu sua grandeza. O filme é um longo flashback investigativo sobre o significado da palavra Rosebud, dita no leito de morte pelo personagem Charles Foster Kane. Com o passar dos anos, Cidadão Kane se tornaria uma fascinação pessoal e seu filme favorito. Ele assimilava repetidamente, chegando a assistir mais de quarenta vezes, a história do homem reservado e poderoso que foi enxotado de seu lar numa choupana coberta de neve.

Assim como o herói de Orson Welles, o criador da caixa de correspondência eternamente vazia de Charlie Brown teria sucesso em uma escala além de seus maiores sonhos de infância e, ainda assim, ele teria dificuldades em amar e ser amado.

Nessa tira, Linus troca de canal. Lucy caminha atrás de Linus, agora sentado em uma almofada. Ela pergunta: "O que você está assistindo?" Ele se vira e diz: "Cidadão Kane".

Quando pediam que Schulz falasse sobre sua vida, ele nunca começava pelo início, com seu nascimento em 26 de novembro de 1922, mas sempre com a despedida e morte de sua mãe em 1º de março de 1943, sua própria partida para a guerra e a impiedosa velocidade de tudo aquilo. Tudo na mesma semana. Assim como o herói de Orson Welles, a história de Schulz começava com um jovem solitário, não mais do que um menino, sendo levado embora de trem pela neve.

A ocasião ficou congelada no tempo – uma despedida tão estarrecedora, quanto a fala interpretada pela mãe que se prepara para perder o filho em Cidadão Kane: “Estou com essa mala toda arrumada. Estou com ela arrumada faz uma semana”. Frequentemente, Sparky expunha aquela que foi, certamente, a pior noite de sua vida. A qual ele, repetidamente, colocava nos termos de seu sentimento de não realização por sua mãe “nunca ter tido a oportunidade de ver algo meu publicado”.

Durante toda a publicação dos Peanuts, os bonecos de neve apareceram em incontáveis tiras e páginas dominicais, apresentados tal qual um comentário jocoso sobre a significância da forma na arte moderna. A neve sempre ocupou um lugar de honra na visão de mundo de Schulz desde os seus primeiros desenhos. E foi assim a última aparição dos Peanuts antes da muito aguardada passagem para o ano 2000.

O frio do primeiro dia do ano. Patty Pimentinha e Marcie, por trás das grossas paredes de uma fortaleza de neve, atiram bolas em Charlie Brown e Linus, que revidam. Snoopy está sentado atrás das linhas defensivas de Charlie Brown, segurando pensativamente uma bola. Não há diálogos na tira, nem pensamentos na cabeça de Snoopy. Há, curiosamente, uma legenda. “De repente, o cachorro percebe que seu pai nunca lhe ensinou a atirar bolas de neve...”

O cachorro que começara a sonhar, tornando-se assim sobre-humano, agora encarava a realidade e se aproximava novamente de um cachorro normal que não consegue segurar adequadamente uma bola de neve com as patas. No caso, a realidade toma a forma de uma bola de neve – um símbolo não muito diferente do peso de papel de vidro com neve artificial que nos dá a primeira pista para a identidade de “Rosebud” em Cidadão Kane. A tira – a última das suas diárias, mas, de forma alguma, um encerramento ou resolução dos Peanuts – é também um acerto de contas. Por sua vez, Snoopy luta na tira final, como sempre, com o tema da identidade. Agora, no final, está preso à terra. Sua crise é toda interior, não envolve nenhum dos outros personagens, e suas fontes estão no passado.

A neve é uma mídia temporária, mas as tiras de Schulz seriam perenes? Cem anos mais tarde, já sabemos a resposta. Algumas dessas referências estão listadas na Peanuts Wiki e na biografia de Charles Schulz.

Cidadão Kane ainda é considerado por muitos críticos como o melhor filme da história do cinema. Onde assistir.

Os 35 anos do Live Aid

13 de julho de 1985. Há 35 anos, o Príncipe Charles e a Princesa Diana abriram oficialmente o Live Aid no estádio de Wembley. O mega concerto durou mais de 16 horas. Começou em Londres e continuou na Filadélfia. Foi assistido por mais de 1 bilhão de pessoas em 110 países do mundo. Arrecadou US$ 127 milhões para combater a fome na África.

Live Aid foi uma criação de Bob Geldof, então vocalista de uma banda irlandesa chamada Boomtown Rats. Em 1984, Geldof viajou para a Etiópia após saber da terrível seca que já havia causado centenas de milhares de mortes no país africano. Ao voltar para Londres, juntou alguns dos principais artistas ingleses e irlandeses para produzir um single beneficente: Do They Know It's Christmas (assista), gravado pelo grupo que foi chamado de Band Aid e que era formado por membros do Culture Club, Duran Duran, Phil Collins, U2, Wham! entre outros. Se tornou o single mais vendido do Reino Unido até então e arrecadou mais de US$ 10 milhões de dólares. O single também se tornou o mais vendido nos Estados Unidos e inspirou que artistas americanos fizessem suas versões. Caso de We are the World (assista), que juntou Michael Jackson, Lionel Richie, o próprio Bob Geldof, Bob Dylan, Cyndi Lauper, Paul Simon, Bruce Springsteen, Tina Turner, Steve Wonder e diversos outros arrecadando US$ 44 milhões.

Com a continuidade da crise se espalhando para o vizinho Sudão, Geldof produziu em apenas 10 semanas o Live Aid, um projeto de caridade global com o objetivo de não só arrecadar fundos como também aumentar a conscientização para o problema de muitos africanos. Foram mais de 75 apresentações divididas pelos dois estádios. Algumas antológicas como a apresentação do Queen que incendiou Wembley (assista), quando Mick Jagger convida Tina Turner para cantar State of Shock (assista). Ou o reencontro dos membros remanescentes do Led Zeppelin na Filadélfia com a participação de Phil Collins, que pegou um Concorde depois de tocar em Londres para ocupar o lugar de John Bonham na bateria e se apresentar junto de Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones (assista).

Para assistir com calma: Uma playlist com toda a transmissão do festival.

Para ler com calma: A Rolling Stone conta num longo artigo os detalhes da produção do festival à festinha do after com os artistas que se apresentaram:

“Em 10 de junho em uma coletiva de imprensa em Londres e Nova York o festival foi anunciado oficialmente. As maiores bandas de pop e rock do mundo tocariam no evento. A lista de nomes impressionava. Mick Jagger, Paul Simon, Stevie Wonder, David Bowie, The Who, Eric Clapton, Paul McCartney entre muitos outros. Parecia inacreditável. E na verdade era. Stevie Wonder por exemplo não havia concordado em tocar e ficou irritado ao ver seu nome aparecer na TV. Mick Jagger ficou surpreso, mas não se irritou e disse que agora teria que fazer algo. Geldof parecia estar misturando seu desejo com a realidade.”

[...]

“Nas semanas que antecederam o festival Geldof ficou ainda mais maníaco do que o normal. Tentava lidar com o volume insano de telefones que não paravam de tocar, vindo de todas as partes do mundo. Um produtor da TV alemã dizia que sua rede não poderia realizar o teleton. Geldof tentou oferecer alternativas, dizendo que abriria uma conta separada na Alemanha para receber o dinheiro de forma a atender a legislação local. O produtor não parecia convencido, Geldof tentou novamente – ‘Qual o problema de vocês?’ gritou no telefone. ‘Não consigo entender, apenas dois ou três países não vão fazer teleton. Até a França, que não é muito chegada a caridade está fazendo, porque não a Alemanha?’ A verdade é que a França também não tinha concordado em fazer um teleton, e mais cedo no mesmo dia ele tinha feito o mesmo blefe com a TV Francesa. Mesmo assim o alemão estava irredutível. Geldof teve que chantagear tirar os direitos da transmissão para conseguir o que queria.”

YouTube e Facebook estão perdendo espaço no mundo das lives

O YouTube e o Facebook estão perdendo espaço no mundo das lives. Cerca de um terço dos usuários apontaram que usam as plataformas para assistir vídeos ao vivo. Eram 40% há três anos, segundo uma pesquisa da Magid, empresa de análise de TV. O setor de games é o grande responsável pela mudança ao dar mais espaço para outros serviços de streaming, como o Twitch.

O Twitch ainda é voltado em sua maioria para o mundo dos games. Em abril, nove dos seus dez gêneros mais populares eram videogames. Mas a indústria musical tem ganhado espaço. Em maio, as pessoas passaram quase 27 milhões de horas assistindo música ao vivo e apresentações no Twitch, segundo a StreamElements. O número é mais de cinco vezes o total de janeiro. E a música agora é um dos seus 15 principais gêneros.

Cá no Meio, já falamos como o Twitch tem sediado festas por meio de games, como Fortnite e Minecraft. Mas os artistas também têm usado a plataforma para apresentações regulares, além de bastidores de suas produções musicais. O DJ Diplo transmite ao vivo sets noturnos e lançou um show semanal com convidados musicais. Grandes gravadoras como Def Jam e Columbia Records também já criaram seus próprios canais.

Desde 2018, Mike Olson, chefe de música no Twitch, tenta convencer os artistas de que eles não precisam mudar drasticamente sua rotina para atrair uma audiência — podem apenas fazer filmes se preparando para um show, praticando em casa ou jogando videogame. No começo, isso não foi suficiente. Mas com a pandemia, migrar para o Twitch foi uma decisão econômica — principalmente para os artistas independentes.

O Twitch tem mais opções para gerar receita. Isso inclui serviços de assinatura e receita compartilhada do Bits, um sistema de moeda virtual que os fãs podem comprar para os seus artistas favoritos — enquanto outras plataformas geralmente pagam apenas a receita do anúncio ou o número de reproduções. O Twitch também tem parcerias com o SoundCloud e o Bandsintown, duas plataformas importantes na comunidade musical. Essas diferenças servem para atrair os artistas frente aos concorrentes como Instagram, Facebook e Twitter, que ainda somam um público maior.

Pelo Twitch, os artistas também podem ser mais criativos com suas apresentações, incluindo clipes de vídeo e de áudio e câmeras simultâneas. Mas a política de direitos autorais mais flexível do Twitch ainda impede que o serviço ocupe mais espaço na indústria. As gravadoras ainda preferem o YouTube e o Instagram, por exemplo, que derrubam ativamente vídeos que usam conteúdos sem direitos musicais.

Mas, com essa alta demanda, a música agora se tornou parte da estratégia do Twitch, que quer ampliar seu perfil de usuário a longo prazo. Criou uma plataforma exclusiva para artistas. E vai acelerar lançamentos de recursos, incluindo o Twitch Radio, um serviço de rádio ao vivo. Segundo a Bloomberg, a empresa também está em negociação com empresas do setor para ganhar direitos para um canal ao vivo de música.

Essa pode ser — por um bom tempo — a realidade para fãs e artistas. Para Marc Geiger, co-fundador do Lollapalooza, os shows retornarão apenas no final de 2021 — ou, possivelmente, só em 2022.

E os streamers de música mais populares no Twitch.

E como sempre, o que mais atiçou a curiosidade de nossos leitores essa semana:

1. Nature: A foto mais próxima já tirada so sol.

2. Instagram: O novo Banksy no metrô de Londres promove o uso de máscaras durante a pandemia.

3. Twitter: O Sirius, acelerador de partículas brasileiro, mostra em detalhes a proteína imprescindível para o Sars-Cov-2.

4. BBC: As fotomontagens que enfrentaram a máquina de mentiras dos nazistas.

5. Science: O estudo que reexamina o problema da imunidade de rebanho.

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A rede social perfeita para democracias

24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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