Edição de Sábado: As Origens do Nacional Desenvolvimentismo

Quem o conheceu conta que sempre sorria. E é assim mesmo que aparece em quase todos os retratos do tempo de presidente: sorrindo. Tinha aquela capacidade de falar com qualquer um no mesmo tom, não importa se rico ou pobre, com poder ou sem. Juscelino sempre ouvia atento. Hoje, seus discursos não impressionariam — tinham aquele tom de político antigo em que cada palavra é dita por inteiro, nunca tomava atalhos de raciocínio, mesmo quando improvisava parecia recitar um texto escrito. Tremia alguns dos Rs. Mas a memória que deixou foi a de um presidente que imaginou um país grande e o entregou. O presidente do tempo do otimismo, cujo período de governo é chamado Anos Dourados, que governou um país que ganhava o mundo — pela Copa de 1958, pela Bossa Nova que nascia, pelas duas polegadas de Martha Rocha, pela arquitetura modernista que criava. Era um democrata convicto, Juscelino Kubitschek de Oliveira, uma característica já rara naquele tempo em que tantos viam na possibilidade de um regime autoritário o atalho para dar um jeito definitivo no Brasil. E, no entanto, JK entregou ao sucessor um país que crescia como nunca e, ainda assim, estava quebrado. Um país que não ficaria mais de pé em tempo de manter sua democracia.

Se o Brasil cresceu 50 anos em cinco, como prometia em campanha, não dá para afirmar. Mas cresceu. O primeiro ano de governo foi magro para os padrões do tempo — 2,9% de crescimento do PIB —, mas dois anos depois chegou perto de 11%. Só que também dobrou a inflação anual. E porque com todo o café exportado não conseguia dólares o suficiente para cobrir as necessidades de gastos, como mesmo imprimindo mais dinheiro ainda assim não bastava, foi tomando sucessivos empréstimos que triplicaram a dívida externa. O setor de energia e transporte cresceu mais de 70% e a indústria de base, que produz aquilo que as outras indústrias precisam, quase 25%. O Brasil, orgulho pátrio, passou a ter indústria automotiva. Aplicando aquilo que os economistas chamam política Nacional Desenvolvimentista, JK entregou um país diferente e abriu de vez o flanco do principal debate de política econômica que ainda domina a praça pública. O mesmo debate que, não tão disfarçadamente assim, está em curso dentro do governo Jair Bolsonaro.

Suas origens, porém, são anteriores a JK e remontam à virada do Império para a República. É neste período que um grupo de pensadores de todos os matizes se debruçam para decifrar o enigma do Brasil, tentar compreender a natureza do país, para a partir daí construir uma política que fizesse o país se erguer. Dentre eles, dois conservadores. Alberto Torres, um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, e Oliveira Vianna, um jurista que se fez sociólogo. Brilhantes ambos, profundamente nacionalistas, defenderam a ideia de que para um país ainda tão precário e que tinha o tamanho do Brasil era preciso um Estado central forte que traçasse metas, desenhasse os caminhos e assim guiasse seu desenvolvimento. Este princípio, o de que o governo federal deveria ditar o caminho, se tornou uma ideia forte que se mantém viva há gerações.

Quando Getúlio Vargas assumiu o governo, em 1930, a crise econômica do ano anterior se impunha ao mundo. Durante toda a Primeira República, enquanto a indústria crescia principalmente em São Paulo, boa parte das exportações brasileiras se baseavam no café. Mas este negócio despencou junto com o comércio internacional todo. O velho caudilho gaúcho já tinha, quando governador, se mostrado simpático ao conceito de um governo centralizador que busca desenvolver a economia interna. Na presidência, embora as ideias que comporiam o Nacional Desenvolvimentismo ainda não estivessem formalizadas, intuitivamente ele buscou o tripé que dá lógica à política. Industrialização, para que o Brasil não precisasse importar tanto. Nacionalismo. E o intervencionismo — a lógica de que o Estado conduz os caminhos.

Em parte, o discurso nacionalista da Primeira República se baseava num ufanismo em relação às riquezas naturais brasileiras que, até hoje, é muito presente na visão de país das Forças Armadas. Uma visão que, no caso dos governantes até 1930, apontava para uma vocação exportadora agrícola. O projeto de Getúlio, até porque foi forçado pela conjuntura externa, seria fortalecer o mercado interno. E embora já existisse uma indústria, certos setores estavam ausentes. Setores essenciais à infraestrutura: siderurgia, petróleo e energia elétrica. Na ausência da capacidade de investimento vindo de fora, e sem tanto dinheiro assim circulando internamente, a escolha do governo foi erguer estatais. As circunstâncias criaram a ideologia — ou a ideologia foi facilitada pelas circunstâncias.

Até nos EUA, naqueles difíceis anos do pré-Guerra, a economia encarou participação maior do Estado. Mas se nos EUA de Franklin Roosevelt, que se baseou nas ideias de John Maynard Keynes, isto se deu pela forma de contratação de obras e distribuição de dinheiro à população, no Brasil a escolha foi de estatizar setores inteiros. Após a Guerra, porém, dois importantes economistas argumentaram simultaneamente que as diferenças tinham sentido de ser. Eram o argentino Raul Prebish e o brasileiro Celso Furtado. No Chile, Prebisch fundou e fez nascer a Comissão Econômica para a América e o Caribe, Cepal, uma estrutura da Organização das Nações Unidas para desenvolver economicamente a região.

Os cepalinos se baseavam na ideia de que as regras eram diferentes para economias já desenvolvidas, caso dos EUA, e as periféricas — como a América Latina. Prebisch argumentava que havia uma armadilha. Quando o momento do comércio externo era favorável, as economias que viviam de exportar aquilo que plantavam ou recursos naturais tinham tanta mão de obra à disposição que contratar gente a salário baixo era fácil, e o dinheiro nunca enriquecia a população em geral. Quando o tempo era ruim para exportadores, porém, não sobrava escolha que não desvalorizar a moeda e gerar inflação.

No Brasil, Celso reconstruiu toda história econômica do país para concluir algo similar. A dependência de exportar commodities sugava todos os recursos de inovação, travando o desenvolvimento de qualquer indústria mais sofisticada.

Foram, os dois professores, fundadores da escola batizada Estruturalismo. Os problemas eram estruturais e, se o Estado não assumisse o controle, nada aconteceria. A ideia liberal de que o mercado cuidaria dos movimentos era uma quimera. Um governo que orientasse o uso dos parcos recursos financeiros e promovesse investimentos nos setores mais carentes faria com que o país deslanchasse.

As ideias já circulavam no Brasil fazia anos quando as teorias foram consolidadas pelos economistas. Mas JK foi o primeiro presidente a emprega-las de forma sistemática e consciente. Teve seis ministros da Fazenda, três dos quais interinos. O Fundo Monetário Internacional, idealizado por Lord Keynes, disparou sua contínua crise com o Brasil, que duraria até princípios dos anos 1990, em seu governo. JK não foi o único a adaptar o pacote de ideias Nacional Desenvolvimentistas. Foram vários os ciclos.

Porque não são de esquerda ou de direita. A ideia de que o Estado deve orientar a economia nasce com pensadores conservadores, passa por progressistas, está em Getúlio que era ideologicamente fluido, flerta com JK — cujo PSD seria algo como o MDB de hoje —, está no coração do Regime Militar, como esteve presente em boa parte do governo Dilma. Ao concentrar tanto poder de decisão econômica em poucos funcionários públicos, argumentam muitos de seus críticos, é uma das matrizes da corrupção brasileira. Investe na criação de estatais, mas também no desenvolvimento de grupos privados. Quando o Estado faz isso, alavancar grupos privados, também cria empresas poderosas e, argumentam outros críticos, reforçam a concentração de renda. Nos períodos em que foi dominante, foi também sempre inflacionário.

Segue, na cultura política brasileira, como um forte discurso.

Por Pedro Doria

A economia segundo Persio Arida

Do economista Persio Arida, um dos pais do Real, em entrevista a Míriam Leitão. Ele fala sobre o conflito presente no governo Bolsonaro entre os militares do Palácio e a visão do ministro Paulo Guedes. (Globo)

“Esse é o caminho errado. O que tem que ser feito? Tem problema de desemprego, sim, precisa de mais crescimento, sim. Mas deve-se fazer via gasto público? Aí é a reencarnação da Dilma, desenvolvimentista. Não é surpreendente porque os militares sempre acreditaram no Estado como promotor do desenvolvimento, igualzinho a esquerda. Esse programa simplesmente expressa a visão estatizante de Bolsonaro. Para mim é surpresa zero. Acho que aconteceria mais cedo ou mais tarde, e foi mais cedo por causa do coronavírus. Do outro lado, é a ideia do crowding out, de que quando retrai o PIB do governo aumenta o PIB privado, ou seja, basta conter o governo que a iniciativa privada floresce e, como a iniciativa privada é mais produtiva que o gasto do governo, o PIB cresce. Isso é uma agenda simplória, errada macroeconomicamente. Para crescer você precisa de uma outra agenda, que é a abertura de bens comerciais e serviços, privatizações, reforma do Estado e reforma tributária. São essas quatro coisas que fazem o país crescer rápido. Curiosamente o governo não tocou em nenhuma delas. Nunca enviou uma reforma tributária, nem a administrativa, para o Congresso. Não fez abertura alguma, assinou um acordo com a União Europeia que já nasceu velho e não será ratificado porque Bolsonaro atacou o Macron, então esquece. Na privatização não aconteceu nada. Quando uma estatal vende uma subsidiária, o dinheiro flui para a estatal e ela vai gastar depois em outra coisa. O que realmente importa é quando o governo vende a estatal, não a subsidiária, como foi na privatização Fernando Henrique. A privatização Bolsonaro, além de ridícula em termos de tamanho, não adianta nada para o déficit público, é irrelevante. Nada disso iria ter impacto no crescimento. O ano passado decepcionou e este ano iria decepcionar de novo.”

Quando os ricos ficam mais ricos

Esta semana, Jeff Bezos se tornou a primeira pessoa a alcançar uma fortuna de mais de US$ 200 bilhões. Tim Cook, CEO da Apple, se tornou recentemente um bilionário. Elon Musk, da Tesla, agora é a quarta pessoa mais rica do mundo. Bilionários se tornando ainda mais ricos durante esta pandemia já se tornou um padrão. E não é de hoje.

A família Médici na Itália foi um dos grupos ultra-ricos e poderosos que surgiram justamente após a Peste Negra no final do século 14 e começo do 15. A Peste foi a pandemia mais mortal, matando entre um terço e metade da população mundial. Com menos mão de obra, os camponeses que sobreviveram puderam exigir melhores salários ou procurar emprego em outros lugares. Apesar da resistência dos governos, isso foi aos poucos levando ao fim do sistema feudal. Com ele, veio exatamente o surgimento de empresários ricos e o estreitamento dos laços entre o Estado e o mundo dos negócios.

Os empresários mercantis estavam surgindo na época, mas de repente se viram em uma posição privilegiada: ao contrário dos tecelões independentes, que careciam de capital, e dos aristocratas, cuja riqueza estava na terra, os empresários urbanos tinha capital líquido e puderam investir em novas tecnologias, compensando, assim, a perda de trabalhadores com máquinas.

O cenário atual é o oposto, mas similar na concentração: há excesso de mão de obra. Mas aqueles com mais capital conseguem absorver e ainda manter os investimentos. Esse é o caso da Amazon. Antes da pandemia, representava cerca de 4% do total das vendas no varejo dos EUA. Mas com os novos hábitos formados durante a quarentena, o UBS prevê que, até 2025, a big tech representará um quarto do total das vendas no varejo americano, ante a estimativa de 15% no ano passado. O varejo da Amazon não foca apenas nos consumidores, mas, com uma extensa rede de logística, também envia, embala e entrega os produtos. O que torna difícil negócios fora de sua rede competirem e investirem. Resultado: mais dinheiro no bolso de Bezos. E isso só considerando o seu negócio de e-commerce.

No Bloomberg Billionaires Index, oito das dez pessoas que mais tiveram ganhos em suas fortunas em 2020 são do setor tecnológico. Não é difícil imaginar o porquê em um mundo onde o Zoom se tornou sinônimo de encontro. Mas algumas das empresas e CEOs têm lucrado não com ganhos reais, mas com a expectativa. A Tesla de Musk, por exemplo, tem tido altas puxadas principalmente pelo interesse em uma recuperação econômica verde.

Não é novidade que durante crises alguns se saem melhor do que outros. Mas em uma economia muito mais digitalizada e globalizada, essa tendência está bem mais acelerada — e concentrada — em comparação com séculos passados. Até maio, Alphabet, dona do Google, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft já tinham comprado 19 empresas este ano — o ritmo mais acelerado desde 2015.

Enquanto isso, a desigualdade tem aumentado. Entre 18 de março e 12 de julho, o patrimônio dos 42 bilionários do Brasil passou de US$ 123,1 bilhões (cerca de R$ 629 bilhões) para US$ 157,1 bilhões (cerca de R$ 839,4 bilhões), segundo a Oxfam. Enquanto 40% dos brasileiros disseram ter tido perda total ou parcial da renda durante a pandemia.

A concentração ainda maior de renda deve trazer desafios para o pós-pandemia. Segundo o FMI, as epidemias do século 21, como SARS e Ebola, resultaram no aumento da desigualdade e no favorecimento dos mais qualificados. Na China, existem atualmente duas realidades simultâneas com a reabertura econômica: mais de uma dúzia de marcas de luxo, como Louis Vuitton e Gucci, tiveram crescimento de receita de dois dígitos durante o segundo trimestre deste ano em comparação com 12 meses antes. Enquanto os gastos do consumidor per capita por residentes urbanos - principalmente grupos de baixa e média renda - caíram 6,2% no mesmo período, de acordo com dados oficiais.

Então… Uma plataforma para saber em quanto tempo um CEO de uma big tech ganha o seu salário.

Por Érica Carnevalli

Cães na literatura e um carta de amor

Milan Kundera, escritor: “Os cães são o nosso elo com o Paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz.”

A frase do autor de A Insustentável leveza do ser é importante para entender uma de suas principais obras. Karenin, a cachorra de Tereza e Tomas, é também uma brecha para o narrador refletir sobre a relação entre humanos e cães.

“O amor entre o homem e o cão é idílico. É um amor sem conflitos, sem cenas dramáticas, sem evolução. Em torno de Tereza e de Tomas, Karenin traçava o círculo da sua vida, baseada na repetição, e esperava a mesma coisa deles. (…) O tempo humano não gira em círculos, mas avança em linha reta. É por isso que o homem não pode ser feliz, pois a felicidade é o desejo de repetição.”

É também um recurso usado por Kundera para Tereza questionar sua relação com Tomas:

“É um amor desinteressado: Tereza não quer nada de Karenin. Nem mesmo amor ela exige. Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ela me ama? Será que gosta mais de mim do que eu dela? Terá gostado de alguém mais do que de mim? (…) E mais uma coisa: Tereza aceitou Karenin tal qual é, não procurou transformá-la para que ficasse semelhante a si própria, aceitou de antemão seu universo de cachorra, não quer lhe confiscar nada, não sente ciúme de seus desejos secretos. Se a educou, não foi para mudá-la (como um homem quer mudar sua mulher e uma mulher seu homem), mas apenas para lhe ensinar a linguagem elementar que lhes permitisse se compreender e conviver.”

Os exemplos de cães na literatura são numerosos. Em O processo, Kafka coincide a condição canina com o destino absurdo de seu protagonista. Em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a morte de Baleia é dos mais comoventes da literatura brasileira.

“Respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil do barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito. (...) A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença. Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente Sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se esponjariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes”.

Muito mais espertos do que imaginamos. Em The Genius of Dogs, Vanessa Woods explora os tipos específicos de inteligência em que os cães se destacam, incluindo a perspicácia de assumir a perspectiva visual de outra pessoa e aprender com as ações dela, a capacidade de interpretar os gestos humanos e as maneiras que usam para buscar ajuda.

Neste vídeo do TED-Ed, Alexandra Horowitz - que dirige o Dog Cognition Lab no Barnard College, explica a mágica biológica por trás do olfato canino. Ela é a autora de Inside of a Dog: What Dogs See, Smell and Know.

“Percebemos um cheiro, geralmente, quando é bom ou ruim: raramente como uma fonte de informação. Achamos a maioria dos odores atraentes ou repulsivos; poucos têm o caráter neutro que as percepções visuais têm. Conforme vemos o mundo, o cachorro o cheira. O universo do cão é um estrato de odores complexos. E o mundo dos aromas é pelo menos tão rico quanto o mundo da visão”.

E a indispensável carta de amor ilustrada da artista Maira Kalman para nossos amigos mais fieis.

Por Claudia Castelo Branco

O estado da música digital em 2019

Um trilhão de streams. Pois é, em 2019 nos EUA foram ouvidos mais de um trilhão de streams. É o principal número de um relatório divulgado essa semana pela Digital Media Association. Associação formada pelas principais empresas de streaming do mundo: Spotify, Apple, Amazon, Youtube e Pandora. Segundo o relatório, 80% do faturamento da indústria fonográfica americana veio do streaming em 2019: 10,3 bilhões de dólares. Quase US$ 30 milhões por dia. Nos EUA, já são 99 milhões de assinantes pagantes em serviços de streaming e 117 milhões de usuários que consomem música via serviços de streaming baseados em publicidade. As assinaturas são responsáveis por quase US$ 7 bi dos US$ 10,3 bi. Publicidade em streaming de audio rendeu US$ 1,4 bi, enquanto publicidade em streaming de vídeo pouco menos de US$ 2 bi.

A migração para o streaming traz junto uma série de mudanças de comportamento no consumo de música. Uma delas é a playlist. Isso permite que mais artistas diferentes possam ser ouvidos. A audiência do streaming é também mais engajada. A experiência de ouvir música deixou de ser algo feito de forma relaxada e passou a ser mais interativa. O relatório mostra ainda mudanças no tipo de equipamento usado para ouvir música. Enquanto celulares já se tornaram o meio favorito - 85% dos assinantes de serviços de streaming utilizam seus telefones para ouvir música - o uso de caixas de som inteligentes quadruplicou nos últimos dois anos. Hoje, cerca de 71 milhões de pessoas usam esses aparelhos em sua rotina musical.

São mudanças de hábito que estão projetando novos fenômenos globais. Em abril de 2019, o grupo coreano BTS se tornou o primeiro grupo asiático a atingir 5 bilhões de streams no Spotify. A América Latina não ficou atrás. Brasil e México são os dois maiores mercados hoje em dia - um dos exemplos dessa força é Despacito, de Luis Fonsi, que se tornou a primeira música em espanhol a ocupar o topo das paradas nos EUA desde Macarena. Outro exemplo de artista que soube aproveitar o streaming para explodir nas paradas foi o rapper Lil Nas X, que com uma letra composta por ele mesmo e uma batida, na qual pagou US$ 30 de licença de uso, se transformou em um fenômeno global com seu hit Old Town Road, liderando o ranking das 100 músicas mais ouvidas da Billboard por 19 semanas. Mais do que qualquer outra música da história. Segundo a Nielsen, foi a música mais ouvida de 2019, com 2,5 bilhões de streams. Um dado curioso é como a lista de músicas mais ouvidas muda de serviço para serviço. Old Town Road foi a música mais ouvida em 2019 no Amazon Music, na Apple Music e no Pandora. Mas foi apenas a quinta mais ouvida no Spotify e a sexta no Youtube.

Podcasts são a nova fronteira dos serviços de streaming. No final de 2019, 21% dos consumidores americanos estavam ouvindo podcasts todo mês. Sendo que entre os assinantes de serviços de streaming e donos de caixas de som inteligentes, chegam a 40%. Globalmente, 27% dos consumidores já possuem caixas de som inteligentes e 90% deles as utilizam para ouvir música, sendo que este uso é o que cresce de forma mais acelerada do que qualquer outro tipo de equipamento.

Enquanto isso... As vendas de discos de vinil continuam subindo, mesmo com as quarentenas causadas pela pandemia de Covid-19.

Por Vitor Conceição

E os mais clicados de mais uma estranha semana deste 2020:

1. G1: Imagens do olho do furacão Laura.

2. Bula: Lista – Filmes originais da Netflix, classificados do melhor ao pior.

3. Twitter: Vídeo do constrangedor encontro de Al Gore com Bolsonaro em Davos.

4. Twitter: Vídeo do momento em que o furacão Laura atingiu a Louisiana.

5. Buzzfeed: O adolescente suspeito de balear 3 pessoas em Wisconsin esteve na primeira fila de um discurso de Trump em janeiro.

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A rede social perfeita para democracias

24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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